29 junho 2006

A morte de um jovem poeta

O que pode ser pior que a morte de um artista consagrado que influenciou diversos artistas em sua época?
Só há um tipo de evento que pode ser mais prejudicial do que isso: a morte de um jovem artista promissor no ínicio da carreira.
Ao ler sobre a morte de Fabián Bielinsky, automaticamente pensei em “Nove Rainhas” e “El Aura”, os dois filmes que esse argentino dirigiu, que além de terem ganhado diversos prêmios e uma refilmagem americana, ainda revelaram ao mundo todo o talento do ator Ricardo Darin.
A seguir, pensei em algo que me deixou mais triste ainda. Pensei em todos os filmes que o diretor de 47 anos ainda iria dirigir.
Fabián Bielinsky morreu ontem de ataque cardíaco em um hotel de São Paulo.

24 junho 2006

Isto sim, isto não.

Não, isto não é uma obra de nenhum artista neo-concreto.





É só mais um dia terrível em uma grande cidade, e muita gente deveria ser responsbilizada por isto.












Sim, isto é a obra de um artista.



E muita gente quer processar ele por isto.

23 junho 2006

Três Filmes

Atualmente, em São Paulo, existem três exemplos do que há de melhor no cinema neste início de século. São filmes de origens e temas completamente diferentes, mas que compartilham entre si uma maturidade poucas vezes vista nas salas de cinema.

Ponto Final
É muito difícil categorizar o mais recente trabalho de Woody Allen. Pode ser visto como um suspense, um drama ou até um filme de arte, mas sob meu ponto de vista é o ótimo exemplo do artesanato consciente.
Neste filme, Allen deixa de lado todas as peculiaridades que caracterizam grande parte de sua produções. Não há personagens trapalhões e inseguros e nem situações cômicas e constrangedoras. O que vemos é um filme construído em camadas, a partir de um roteiro impecável, em que o diretor manipula e brinca com o espectador que acompanha um personagem que tem que escolher entre dois estilos de vida e de relacionamentos e que conta com a sorte para seguir com suas escolhas pouco louváveis.

A Criança
É um exemplo completamente diverso da forma de fazer cinema de Woody Allen. Aqui, os irmãos Dardenne acompanham, de maneira quase documental, alguns dias na vida de um casal de delinqüentes belgas que acabaram de ser tornar pais. Muito mais importante do que retratar a experiência da paternidade, a histórias mostra de maneira crua como o modelo social europeu fracassou em oferecer o mínimo necessário aos seus carentes e excluídos . Enquanto os subsídios e instituições de apoio garantem o mínimo conforto material, uma série de jovens cresce sem referências culturais, sociais ou afetivas em um Europa sem fronteiras.



O Samurai do Entardecer.
Yogi Yamada é antes de tudo um mestre no auge da sua carreira e aqui oferece ao público o que só a experiência e a maturidade podem oferecer. Como uma ópera, o filme expõem em três capítulos a trajetória de um samurai que se torna herói pela força das circunstâncias e pelo peso da responsabilidade que sempre carregou. Começa desacreditado e termina laureado, apesar de nunca ter mudado em sua essência de herói. É um filme para ser apreciado cena a cena, sem ansiedade, assim como um bom vinho.

Clique nas imagens para ler as críticas e assitir aos trailers.

20 junho 2006

Que importa

Tem um tipo de pessoa que anda, se veste e age como qualquer um. De longe, parece mais um dos muitos perdidos no meio da multidão, mas, de repente, tira um caderno da bolsa e começa e escrever, esteja onde estiver. Para tudo e só escreve ininterruptamente por um tempo que pode variar de um minuto a muitas horas. É quase uma compulsão.
Tenho verdadeira fascinação por gente com essa capacidade de parar o tempo e abrir esses pequenos portais pra realidades distantes e inacessíveis às pessoas comuns. Minha amiga Roberta é uma dessas pessoas. Descobri seu caderno por acaso e desde então já ilustrei três textos seus, mas acho que só agora consegui fazer uma imagem que ficasse à altura.

19 junho 2006

António Aleixo

O pára-raios na Igreja
Serve para lembrar aos ateus
Que um cristão, por mais que o seja,
Não tem confiança em Deus!


O que mais me faz falta de Portugal é a poesia na boca do povo.
Roubei esta do Obvious

14 junho 2006

Morreu Gyorgy Ligeti

BUDAPESTE (Reuters) - O compositor húngaro Gyorgy Ligeti, que teve algumas de suas músicas usadas na trilha de "2001 -- Uma Odisséia no Espaço", de Stanley Kubrick, morreu em Viena na segunda-feira (12). A informação é de sua editora musical alemã, a Schott Music.
Herdeiro espiritual do compositor húngaro Bela Bartok, Ligeti esteve na dianteira da música de vanguarda do século 20. Ele sobreviveu à detenção em um campo de concentração nazista e à perseguição do governo ditatorial comunista da Hungria.
"Na pessoa de Gyorgy Ligeti, perdemos o compositor mais importante da era pós-Bartok", disse Ivan Fischer, diretor da Orquestra do Festival de Budapeste, à agência de notícias estatal húngara MTI.
Ligeti tinha 83 anos e era conhecido entre os amantes da música sobretudo por peças como a ópera "Le Grand Macabre", composta entre 1975 e 1977. A obra é representante da micropolifonia, estilo complexo desenvolvido por Lygety, em que o compositor apaga as fronteiras entre harmonia, melodia e ritmo.
"Ligeti foi um compositor de vanguarda, definitivamente moderno, que fez muitíssimo pela renovação da linguagem musical na segunda metade do século 20", disse Fischer.
Ligeti teve músicas utilizadas em três filmes de Kubrick: "2001 -- Uma Odisséia no Espaço", "O Iluminado" e "De Olhos Bem Fechados". Em 2005, trechos de seu "Réquiem" foram usados no filme "A Fantástica Fábrica de Chocolate", dirigido por Tim Burton e estrelado por Johnny Depp.
Ligeti nasceu em 28 de maio de 1923, em uma família judia húngara, na Transilvânia, que até 1921 fez parte da Hungria.
Ele não pôde ingressar na universidade devido às leis nazistas contra os judeus. Em 1941, começou a estudar música com Ferenc Farkas, no conservatório Cluj, na Romênia, e mais tarde continuou em Budapeste.
Em 1943, foi preso pelos nazistas e condenado a trabalhos forçados. Seu pai e seu irmão morreram no campo de concentração de Auschwitz.
Mas Ligeti sobreviveu e, depois da guerra, retomou seus estudos com Farkas e Sandor Veress na Academia Franz Liszt, em Budapeste. Entretanto, sua música voltou a enfrentar dificuldades sob a repressão comunista que se seguiu à 2ª Guerra Mundial.
Ele fugiu da Hungria em 1956, quando tropas soviéticas reprimiram o levante húngaro contra o governo comunista. Em Viena, tornou-se uma das figuras mais conhecidas da vanguarda musical da Europa ocidental.

Escute aqui a trilha sonora de "2001".

03 junho 2006

Peter Kuper em São Paulo

Os Quadrinhos como Arma de Resistência
Peter Kuper, autor de Metamorfose, adaptação aos quadrinhos da obra de Kafka, está no Brasil. Ele vai participar dos primeiros dias “Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco”, que vai de 5 a 28 de junho, em Recife. No dia 8 de junho o autor estará em São Paulo para a palestra "Os Quadrinhos como Arma de Resistência", em dividirá a mesa com o Prof. Dr. Waldomiro Vergueiro e com Rogério de Campos, diretor editorial da Conrad.
A palestra é aberta ao público e acontece na Gibiteca Henfil.
08 de junho (quinta-feira)
Das 19 às 21 hs
Gibiteca Henfil – Centro Cultural São PauloRua Vergueiro, 1.000 (Estação Vergueiro do metrô)Fone: (11) 3383-3490
Peter Kuper é co-fundador da revista política World War 3 Illustrated publicada há 23 anos. Tem ministrado cursos sobre histórias em quadrinhos na School of Visual Arts. Já escreveu e ilustrou inúmeras graphic novels. Suas ilustrações aparecem regularmente em diversas revistas e jornais, incluindo Time, New York Times, e Mad, na qual desenha a tira Spy vs. Spy. Seu trabalho pode ser visto na internet em www.peterkuper.cm