21 outubro 2007

Boletim Edudrix - Mostra de Cinema 2007

Mais um ano, mais uma Mostra.
Este ano com um diferencial. Poucas vezes me vi com tantos filmes de destaque pra assistir. Desde que comecei a freqüentar a Mostra há uns 10 anos, nunca vi uma seleção com tantos ilustres atores e diretores e destaques de festivais. Resultado, fiz uma lista com quase 50 filmes que eu "precisava" ver. Impossível. Acabei me atendo a uma programação com mais ou menos 20 títulos.
Como de praxe, vou tentar fazer uma breve resenha despretenciosa e totalmente subjetiva de cada filme a que assistir. Sempre que possível, vou colocar o link do trailer no título do filme.
Este ano, ao invés de dar notas, vou organizar os filmes por ordem de preferência.
Boa Mostra. Divirtam-se.

Em Paris, de Christophe Honoré
Não só o melhor filme que vi na Mostra, mas também o Melhor filme que vi neste ano todo.
Uma obra de arte completa que relata os relacionamentos a partir dos pontos de vista de três homens que acabam por viver juntos quando um deles volta a casa paterna para viver com o irmão e o pai após o fim de seu casamento. Reune os dois melhores atores da nova geração francesa: Romain Duris e Louis Garrel


Medo da verdade, de Ben Afleck
Uma grata surpresa. Apesar de ser um ator canastrão, Ben Afleck é um puta diretor. Seu irmão é um grande ator. E o roteiro constrói muito bem uma história de detetive realista e cheia de surpresas e reviravoltas.
O personagem central é um dos anti-heróis mais bem compostos que já vi no cinema.


O Mundo, de Jia Zhang-Ke
Jia Zhang-Ke é um dos diretores mais interessantes da atualidade. O ritmo e maneira como escolhe enquadrar a temática das mutações da sociedade chinesa são extremamente inovadores.
É certo que ele exige muito do espectador e seus filmes sempre deixam um sabor um pouco amargo no fim da projeção, mas ainda assim você vai querer rever tudo no dia seguinte.

Paranoid Park, de Gus Van Sant
Van Sant volta a tratar da juventude norte-americana acompanhando o dia-a-dia de um adolescente que se vê envolvido em uma morte acidental. Fotografia impactante do sempre fantástico Christopher Doyle.





Canções de amor, de Christophe Honoré
Eu não havia me programado pra ver este filme, mas depois de ver "Em Paris", procurei a produção mais recente no Honoré na repescagem e não me arrependi. Pela primeira vez na vida, vi um musical e gostei. A história acompanha o personagem principal em suas andaças por Paris na tentativa de preencher o vazio deixado pela morte da namorada.

Cada um com seu cinema, de diversos diretores
Em comemoração aos 60 anos de Cannes, uma coleção de 32 curtas de 3min que têm como tema o cinema. A qualidade oscila muito, como é comum nesse tipo de projeto. Meu preferido foi "Diário de um espectador" de Nanni Moretti.
Alguns filmes como os de Wong Kar-Wai, Lars Von Trier , dos irmãos Dardenne, de Zhang Yimou , de Alejandro González Iñárritu e de Walter Sales estão disponíveis no You Tube.



Sonhando Acordado, de Michel Gondry
Sonho e realidade se confundem na vida de um artista inventor que se apaixona pela vizinha. Talvez esta seja uma das melhores atuações da carreira de Bernal e talvez um dos filmes mais psicodélicos que já vi.
Altamente recomendável pra quem gostou de "Quero ser John Malcovich".


Persépolis, de Marjane Satrapi, Vincent Paronnaud
Animação que adapta a história em quadrinhos onde Satrapi conta sua infância e adolescência no Irã e na Áustria. Tão bom, ou talvez melhor que o original.





I'm not there, de Todd Haynes
Vários atores, em uma narrativa aberta e nem um pouco linear retratam as várias facetas de Bob Dylan. O destaque fica para as representações magistrais de Cate Blanchet e Christian Bale.






Senhores do Crime, de David Cronenberg
Um ótimo filme de gangsters muito bem realizado com uma cena antológica de luta. Só isso. Não espere nada que vá mudar sua vida.





Mutum, de Sandra Kogut
Mais um filme que trata da temática da vida no sertão brasileiro.
Trabalho muito sensível de adaptação de "Miguilim" de Guimarães Rosa.





Glória ao cineasta, de Takeshi Kitano
Desta vez, Kitano deixa de lado os dramas e filmes profundos simplesmente pra tirar um sarro e mostrar como mesmo brincando ele dirige melhor que muita gente. Vale para os fãs do diretor japonês que vão dar boas risadas.




Déficit, de Gael Garcia Bernal
Inegavelmente, Bernal é o astro deste ano na Mostra de SP. Além de participar de vários filmes na programação, o mexicano faz seu debut de realizador com este filme que me lembrou muito o finado movimento Dogma, principalmente o perturbador Festa de família. A câmera quase documental, acompanha o filho de um político e seus amigos em uma festa na casa de campo da família. O personagem principal sintetisa a crise de identidade da burguesia latino-americana.

Kimera, de Paul Auster
Sempre que Paul Auster dirige um filme, eu vou na estréia esperando encontrar aquele impacto que seus livros me causam e sempre me decepciono. O filme deste escritor que encontra sua musa em carne e osso não é ruim, mas é mera diversão de sábado a noite.



Valente, de Neil Jordan
Estão lá todos os ingredientes de um filme tipicamente hollywoodiano com uma única exceção: o final moralista tão comum nas produções de grandes estúdios. O fim com certeza salva o filme de um diretor que mesmo estando competente aqui, já fez muito melhor antes. Bom, já contei quase tudo dessa produção que analisa como a violência afeta a psique humana e sobre como é tênue a linha que separa a justiça da vingança.


O Preço da Coragem, de Michael Winterbottom
Filme que reconta o sequestro do jornalista Daniel Pearl no Afeganistão e a luta de sua esposa grávida em busca de informações sobre o marido.
Como todo filme de Winterbottom é forte e te deixa uma sensação de mal-estar existêncial, te fazendo ter vergonha de pertencer a raça humana, mas é inferior a seus outros filmes.


Blind Mountain, de Li Yang
Uma garota é sequestrada e vendida como esposa a uma camponês no interior da China. Este drama explora todas as implicações sociais, culturais e policiais deste hábito tão estranho e comum por aqueles lados.



Mal Nascida, de João Canijo
O realizador português de "Noite Escura" e "Ganhar a vida" volta aos seus temas preferidos: violência, sexo e incomunicabilidade. Desta vez, encena em uma aldeia portuguesa e coloca pitadas de incesto para apimentar a receita. Interessante notar como há algumas personalidades recorrentes nos filmes de Canijo.


Moebius Redux, de Hasko Baumann
Documentário televisivo que tentar traçar um panorama da extensa carreira do artista gráfico Jean Giraud "Moebius". Não traz nenhuma informação nova. Vale pra quem não conhece o trabalho de Moebius.




Império dos sonhos, de David Lynch
Imagine pegar um livro de 500 páginas, tirar os números das folhas, misturar tudo e jogar algumas partes fora. Agora, você dá pra alguém ler e pergunta sobre o que trata a trama.
Mais um filme quebra-cabeça de David Lynch. Todos saem do cinema com teorias e querendo ir logo a internet pra descobrir qual era a história do filme.


Invisíveis, de diversos diretores.
Documentário produzido pela organização Médicos Sem Fronteiras e que denuncia o sofrimento de muita gente sem voz na mídia. Analisa desde a exploração infantil em guerras na África até a ganância da indústria farmacêutica. Grande valor social, mas sem qualquer valor artístico.



Brigada Pára-quedista, de Evaldo Mocarzel
Toda trabalho artístico contém um discurso e quando o documentarista decide se omitir e simplesmente registrar o que vê como se não tivesse opinião nenhuma o resultado é um trabalho vazio. Pra qualquer civil que assiste, resta apenas a diversão de ver os estranhos costumes que ficam restritos aos quartéis como gritos de guerra nacionalistas e o estranho companheirismo que existe entre militares.
A Mostra deste ano começou como sendo de Garcia Bernal e terminou com a descoberta de Chistophe Honoré e Louis Garrel. Todo ano é sempre um conjunto de surpresas agradáveis.
Até o ano que vem...

14 outubro 2007

4º Mundo

Não basta pra um quadrinhista ser eficiente no papel. Diversos gênios ficaram relegados a um segundo plano e migraram para outras áreas pensando na sobrevivência diária por não conseguirem se destacar e sobreviver com sua arte.
Entretanto, quanta coisa importante já surgiu quando artistas de qualidade, mas ainda desconhecidos, persistiram e muitas vezes se uniram pra construir algo.
A história dos quadrinhos brasileiros é cheia nomes que vingaram não apenas pela sua genialidade, mas principalmente pela determinação e persistência. Ninguém saberia de gente como Luis Gê, Marcatti, Muttarelli, Bá e Moon se esses caras não tivessem persistido e, em muitos pontos das suas carreiras, não tivessem se unido a outros artistas buscando um espaço no meio.

Por que é que eu estou falando disso tudo?
Pode-se dizer que os quadrinhos brasileiros chegaram em um momento único, pois o mês de outubro tem sido bem importante para os artistas independentes. Depois de estrear no evento HQ na BA, o coletivo que assumiu o nome de 4º Mundo, preparou para o Festival Internacional de Quadrinhos de Belo Horizonte (FIQ), sua primeira incursão ambiciosa pra realmente chamar a atenção, reunir artistas do brasil todo e esquematizar a distribuição de revistas pelo país.
É aquela velha história de que a união faz a força. Ao invés de ficar trocando histórias tristes, os quadrinhistas independentes resolveram se unir pra forçar a abertura de um espaço no “mercado” ( notem as aspas) de HQs brasileiro.
Qualquer um que já tentou publicar um fanzine ou revista por conta própria sabe que fazer boas histórias é apenas a primeira dificuldade que se enfrenta. O bicho de sete cabeças está mais a frente e tem nomes como “distribuição” e "divulgação". Está certo que a internet facilita e muito o contato entre artistas e leitores, mas o legal mesmo é quando a revista já está próxima do leitor.
Essa união que já havia começado de maneira informal não só tem levado publicações independentes pro Brasil inteiro, mas também tem atraído a atenção de todos em eventos e notícias em jornais, internet e Tv.
Cada artista, a sua maneira, tem a ajudado como pode, fazendo contatos, vendendo revistas e usando a sua cara-de-pau das mais diversas maneiras pra mostrar pra quem lê quadrinhos que existem alternativas de qualidade ao que hoje se encontra nas bancas.
Quem der um pesquisada pelos títulos que estamos distribuindo vai ver que tem de tudo: de trabalhos com um enfoque mais comercial até publicações extremamente autorais
Entre as conquistas que já podemos comemorar, pode-se destacar a nossa banca independente que já frequentou os mais diversos eventos (e ainda chegará em eventos que pouca gente imagina), o conjunto de oficinas que temos ministrado em bibliotecas públicas ao longo de 2006 e 2007 e o espaço que temos conquistado entre veículos jornalísticos como Pop Balões, Universo HQ, Blog dos Quadrinhos, Gibizada, Metro, TV Cultura, Jornal da USP e outros.
Quem estiver em Belo Horizonte nos próximos dias e quiser conferir nossos trabalhos é só procurar no FIQ pelo logo do 4º Mundo e encontrará o estande do grupo.
Já pra quem estiver em São Paulo, pode aproveitar na sexta de manhã pra conferir uma aula que darei a convite do Prof. Waldomiro Vergueiro na ECA-USP, falando de Hqs Independentes pra turma de “Diagramação de Histórias em Quadrinhos”.

Confira o Blog do 4º Mundo a comunidade no Orkut e a reportagem que o jornalista Paulo Ramos fez a respeito do assunto para o Metrópolis da Tv Cultura.



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DEPOIS DO SUCESSO DA MENOR LIVRARIA DO MUNDO, SURGE A HQMIX LIVRARIA.

DIA 26
OUTUBRO
SEXTA-FEIRA
17:00
LANÇAMENTO E NOITE DE AUTÓGRAFO
VIVA CARTUM
POR
FAUSTO



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PRAÇA ROOSEVELT Nº 142
Centro - São Paulo - SP