Posso dizer que foi uma edição mediana da Mostra que teve bons filmes, mas nenhuma surpresa ou revelação. Meus diretores preferidos, em sua maioria, não estavam presentes, então eu já não tinha grandes espectativas. "Cheiro do ralo" ganhou o premio do juri, merecidamente. Lembro que raramente um filme nacional ganha esse prêmio. "A Batalha de Paris" foi o mais votado pelo público, mas não consegui pegar nenuma sessão dele. Bom, foi divertido, o que mais eu posso dizer?
Sentado na escada do Cine Bombril, na fila para "O Labirinto do Fauno" cinco minutos antes de acabar a luz. Não me perguntem como foi o filme.
Como a administração Nixon uniu FBI, CIA e Imigração parar silenciar John Lennon. O tipo de filme que te faz perceber a importância de um cara como John Lenon e do estrago que loucos como o Bush ou o Nixon são capazes de fazer por terem poder demais nas mãos.
Usando vídeo digital, Jia Zhangke retrata uma sociedade em profundo processo de mudança e a maneira como as relações afetivas se rompem com facilidade pelo meio do caminho. Em resumo, como os chineses estão perdendo todos os seus referenciais do dia para a noite.
Contos clássicos de supense adaptados por Oswald para um gênero meio "terrir", através de interpretações caricatas dos ótimos atores. Acompanhamento musical muito competente feito a partir das improvisações pianísticas de Paulo Braga. A única história realmente tenebrosa foi a completa ausência de qualquer tipo de iluminação no pianista.
Juventude em Marcha - Pedro Costa - Nota 5,5
Eu sempre aplaudo artistas corajosos que não tem medo de se arriscar em visões particulares do mundo, mas não consegui me envolver pela direção de Pedro Costa ou pela história desses fantasmas vivos que perambulam pelos subúrbios resgatando seus lamentos e lembranças
Paris, te amo- Diversos diretores - Nota 9,0
Apesar da visão dos vinte e um autores oscilar muito, ainda assim o resultado é extremamente positivo. Um capítulo para cada bairro, e Paris é sempre Paris. Destaque para os capítulos dos irmãos Cohen, de Tom Tykwer e de Sylvain Chomet
Um Longo Caminho - Zhang Yimou - Nota 8,5
Esse é o tipo de filme cujo plot não convence ninguém a comprar o ingresso, mas a maestria de Zhang Yimou ( o mesmo de "Lanternas Vermelhas", "Caminho para Casa", "Nenhum a Menos" e "Herói") faz com que até os corações de pedra se emocionem nos trechos principais do filme. É dificil ser sensível sem ser peigas, mas Yimou sempre consegue.
O Cheiro do Ralo - Heitor Dhalia - Nota 8,5
Lourenço Mutarelli foi o escritor que se predispôs a mapear o inferno. Pois bem, este filme tem um relato de parte desta pesquisa pelos fetiches, inseguranças e excentricidades do ser humano. Mórbido, escatológico e engraçado ao mesmo tempo. Atores de calibre ( incluindo o debut do próprio Mutarelli) e ritmo acertado. Só não ficou bem a trilha sonora.
O Grito das Formigas - Mohsen Makhmalbaf - Nota 6,0
O que eu mais gostava dos filmes iranianos é que eles eram cheios de poesia, diziam muito através das imagens e isso bastava. Agora, eles são cheios de discursos e verdades inquestionáveis e isso os torna muito chatos e redundantes.
A Última Noite - Robert Altman - Nota 7,5
O interessante dos filmes do Robert Altman é que eles são tão coerentes com um Festival de Cinema como com a Sessão da Tarde na TV. Histórias de pessoas completamente normais na gravação do último show de um programa de rádio. uM bom Altman.
Fonte da Vida - Daren Aronofsky - Nota 10
Uma grande obra de arte é aquela que causa uma mudança no espectador. A Fonte da Vida não é o tipo de filme do qual se gosta ou não, ele está além da questão de gosto. Aronofsky integra filosofia, narrativa não-linear e leitura aberta em uma obra que te faz refletir sobre muitas coisas, não oferece conclusões, mas usa a poesia para sugerir questões.
O Grande Truque - Christopher Nolan - Nota 9,5
Nolan ilude e brinca como o espectador, é regente de um concerto onde tudo é ilusão (ou não?). Ótimos atores, roteiro impecável, direção segura. Uma obra de arte construída em camadas.
Esboços para Frank Gehry - Sydney Pollack - Nota 6,0
Por que é que 90% dos documentários sobre artistas famosos seguem sempre o caminho da adulação?
Sonhos com Shangai - Wang Xiaoshuai - Nota 7,5
Em uma pequena cidade industrial do interior da China, duas gerações lidam com as decisões de suas juventudes. Às vezes, o preço a pagar é alto demais.
O Crocodilo - Nanni Moretti - Nota 9,0
Só um dos maiores cineastas italianos pra fundir de maneira coerente duas narrativas completamente diferentes. Na mesma época em que um produtor de cinema passa pela pior crise de sua vida, cai em sua mão um roteiro para um filme inspirado na vida do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
Caminho para Guantánamo-Michael Winterbottom-Nota 8,0
"O mundo não é um lugar agradável". É o tipo de lugar em que uma guerra começa durante sua viagem de férias e você é preso confundido como soldado inimigo. Seu destino: Guantánamo, mais conhecido como inferno. História real de um grupo de amigos filmada pelo mesmo diretor de "Bem-vindo a Sarajevo".
Eu sempre aplaudo artistas corajosos que não tem medo de se arriscar em visões particulares do mundo, mas não consegui me envolver pela direção de Pedro Costa ou pela história desses fantasmas vivos que perambulam pelos subúrbios resgatando seus lamentos e lembranças
Paris, te amo- Diversos diretores - Nota 9,0
Apesar da visão dos vinte e um autores oscilar muito, ainda assim o resultado é extremamente positivo. Um capítulo para cada bairro, e Paris é sempre Paris. Destaque para os capítulos dos irmãos Cohen, de Tom Tykwer e de Sylvain Chomet
Um Longo Caminho - Zhang Yimou - Nota 8,5
Esse é o tipo de filme cujo plot não convence ninguém a comprar o ingresso, mas a maestria de Zhang Yimou ( o mesmo de "Lanternas Vermelhas", "Caminho para Casa", "Nenhum a Menos" e "Herói") faz com que até os corações de pedra se emocionem nos trechos principais do filme. É dificil ser sensível sem ser peigas, mas Yimou sempre consegue.
Sempre Bela - Manoel de Oliveira - Nota 8,0
Os dois personagens principais de A Bela da Tarde se reencontram muitos anos depois. Não ficou muito claro pra mim se Manoel de Oliveira quis fazer uma homenagem ou uma paródia. Bom, os filmes de Oliveira são sempre meio enigmáticos. Ainda assim, imperdível.
Os dois personagens principais de A Bela da Tarde se reencontram muitos anos depois. Não ficou muito claro pra mim se Manoel de Oliveira quis fazer uma homenagem ou uma paródia. Bom, os filmes de Oliveira são sempre meio enigmáticos. Ainda assim, imperdível.
O Cheiro do Ralo - Heitor Dhalia - Nota 8,5
Lourenço Mutarelli foi o escritor que se predispôs a mapear o inferno. Pois bem, este filme tem um relato de parte desta pesquisa pelos fetiches, inseguranças e excentricidades do ser humano. Mórbido, escatológico e engraçado ao mesmo tempo. Atores de calibre ( incluindo o debut do próprio Mutarelli) e ritmo acertado. Só não ficou bem a trilha sonora.
O Grito das Formigas - Mohsen Makhmalbaf - Nota 6,0
O que eu mais gostava dos filmes iranianos é que eles eram cheios de poesia, diziam muito através das imagens e isso bastava. Agora, eles são cheios de discursos e verdades inquestionáveis e isso os torna muito chatos e redundantes.
Oscar Niemeyer, A Vida é um Sopro - Fabiano Maciel - Nota 7,5
Um sopro bem longo se formos considerar que este filme vai comemorar o centenário do arquiteto brasileiro mais ilustre. É um documentário muuuito melhor que o outro sobre o Frank Gehry, não segue o caminho da bajulação, compila as frases mais importantes de Niemeyer, acompanha sua carreira de forma coerente e deixa o Niemeyer falar de si mesmo muito mais do os outros falerem dele, ainda assim falta arquitetura, pois como seria natural a qualquer arquiteto de quase 80 anos de carreira, Niemeyer está consado de falar de arquitetura...prefere as mulheres ( quem é que discorda?).
Um sopro bem longo se formos considerar que este filme vai comemorar o centenário do arquiteto brasileiro mais ilustre. É um documentário muuuito melhor que o outro sobre o Frank Gehry, não segue o caminho da bajulação, compila as frases mais importantes de Niemeyer, acompanha sua carreira de forma coerente e deixa o Niemeyer falar de si mesmo muito mais do os outros falerem dele, ainda assim falta arquitetura, pois como seria natural a qualquer arquiteto de quase 80 anos de carreira, Niemeyer está consado de falar de arquitetura...prefere as mulheres ( quem é que discorda?).
A Última Noite - Robert Altman - Nota 7,5
O interessante dos filmes do Robert Altman é que eles são tão coerentes com um Festival de Cinema como com a Sessão da Tarde na TV. Histórias de pessoas completamente normais na gravação do último show de um programa de rádio. uM bom Altman.
Fonte da Vida - Daren Aronofsky - Nota 10
Uma grande obra de arte é aquela que causa uma mudança no espectador. A Fonte da Vida não é o tipo de filme do qual se gosta ou não, ele está além da questão de gosto. Aronofsky integra filosofia, narrativa não-linear e leitura aberta em uma obra que te faz refletir sobre muitas coisas, não oferece conclusões, mas usa a poesia para sugerir questões.
O Grande Truque - Christopher Nolan - Nota 9,5
Nolan ilude e brinca como o espectador, é regente de um concerto onde tudo é ilusão (ou não?). Ótimos atores, roteiro impecável, direção segura. Uma obra de arte construída em camadas.
Esboços para Frank Gehry - Sydney Pollack - Nota 6,0
Por que é que 90% dos documentários sobre artistas famosos seguem sempre o caminho da adulação?
É muito interessante ver o processo de trabalho de Gehry e saber a história de sua vida, mas cansa ficar vendo todos "puxando seu saco". Enfim, daria pra resumir o filme nos depoimentos do genial Julian Schnabel, de robe e óculos escuros, tomando vinho e falando sobre arte.
Fora de Jogo - Jafar Panahi - Nota 7,0
Se você for mulher e viver no Irã, ir a um jogo de futebol pode ser uma grande aventura. Recomendável só para os fãs do cinema iraniano.
Fora de Jogo - Jafar Panahi - Nota 7,0
Se você for mulher e viver no Irã, ir a um jogo de futebol pode ser uma grande aventura. Recomendável só para os fãs do cinema iraniano.
Ps: O interessante desses filmes orientais é o papel que eles tem de serem janelas para realidades que a gente nem imagina que existam.
Sonhos com Shangai - Wang Xiaoshuai - Nota 7,5
Em uma pequena cidade industrial do interior da China, duas gerações lidam com as decisões de suas juventudes. Às vezes, o preço a pagar é alto demais.
O Crocodilo - Nanni Moretti - Nota 9,0
Só um dos maiores cineastas italianos pra fundir de maneira coerente duas narrativas completamente diferentes. Na mesma época em que um produtor de cinema passa pela pior crise de sua vida, cai em sua mão um roteiro para um filme inspirado na vida do primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi.
Nanni Moretti vive me surpreendendo.
Caminho para Guantánamo-Michael Winterbottom-Nota 8,0
"O mundo não é um lugar agradável". É o tipo de lugar em que uma guerra começa durante sua viagem de férias e você é preso confundido como soldado inimigo. Seu destino: Guantánamo, mais conhecido como inferno. História real de um grupo de amigos filmada pelo mesmo diretor de "Bem-vindo a Sarajevo".
Leonard Cohen - I'm Your man - Lian Lunson - Nota 6,5
Pode ser uma experiência muito frustrante ir ver um filme sobre o cantor e compositor Leonard Cohen e passar 90% do tempo vendo cantores obscuros interpretando suas canções, e aí, quando chega o finalzinho e o "ladies man" sobe no palco, você é obrigado a aguentar o Bono Vox dividindo as letras com ele.
É um documentário que vale por ser sobre quem é, pois fora isso não conta quase nada da vida do homem da "golden voice" e ele só aparece cantando em meia música.
Scanner Darkly - Richard Linklater - Nota 7,5
Linklater continou experimentando a técnica de animação que desenvolveu para 'Waking Life" e é bem interessante ver como ela evoluiu para essa adaptação de um texto de Philip K. Dick, mas a narrativa tem um ritmo meio estranho, bem cansativo. Não sei se isso se deve ao Dick ou ao Linklater.
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Pois é, meus caros. Cá estamos mais uma vez acompanhando um dos momentos mais especiais do ano em São Paulo. Aguardem atualizações quase diárias desta postagem a respeito dos filmes da Mostra.
Se você se vê em uma sala de exibição escura e pensa " que filme eu vim ver mesmo?", você provavelmente está na Mostra de Cinema de São Paulo.
Lá vamos nós para o nono ano de Mostra.
Ps: Cliquem nos títulos dos filmes para verem os trailers (quando houver algum).
3 comentários:
Cara ... eu seu nanquim, grafite, carvão e colagem ...
bom set de filmes:) e manuel de oliveira é sempre manuel de oliveira, tens que ver joao cesar monteiro :)
portugues.
abraço
Pois é Edu,
Um longo Caminho foi um dos mais belos filmes que eu ja vi ate hj, não admira ser do mesmo diretor de Lanternas Vermelhas.
Essa mostra vai abrir muitos outros caminhos pra mim na Arte.
Beijo
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