04 agosto 2009

Jornada Gastronômica pelo Sul

Nas regras de qualquer viajante sério, conhecer a gastronomia do local que se visita é tão imprescindível como visitar Paris e tirar uma foto da Torre Eiffel.
Não se pode comer diariamente em um McDonalds da vida pra economizar dinheiro a ser gasto em outras coisas. Quando se começa uma viagem já se deve reservar dinheiro pros museus, pras lembranças e pros restaurantes.
É curioso como a cultura de um povo se expressa na sua culinária, por isso é vital sempre pedir dicas de restaurantes aos "locais" pra fugir dos restaurantes “turísticos” e se chegar ao que realmente importa.
Nas minhas últimas férias tive a oportunidade de visitar um casal de amigos que vive em Porto Alegre ( Ele, gaúcho. Ela, ex-paulistana convertida ao pampa pelo amor) e eles me conduziram por uma verdadeira exploração culinária pela capital gaúcha.
Em nossa jornada gastronômica, pulemos as castanhas e o lanchinho de peito de peru e queijo da TAM, isso só causa turbulência.

Recém-aterrado em solo riograndense, vá diretamente à Casa de Cultura Mário Quintana, mais precisamente ao Café Santo de Casa, onde o que conta é o ambiente do antigo Hotel Majestic que dá vista para os telhados de PoA e para o Guaíba. Ver o por-do-sol saboreando um belo capuccino e uns pasteizinhos já deixa qualquer um no ponto para uma bela exploração pelos sabores locais.

Em cidade onde se janta tarde, chegue cedo ao Restaurante Via Imperatore. Escolha uma bela mesa e faça o favor de provar o buffet de saladas como todos os seus temperos de azeites e vinagres exóticos. Mas não exagere, porque você ainda vai precisar de muito espaço para as carnes em receitas que você nunca sonhou. Depois disso, meu amigo, só cama mesmo.

Está pela região central, já visitou o Margs, a Matriz, o Mercado e o Santander? Quer relaxar um pouco em um ambiente agradável? Dê uma esticada até o Atelier das Massas. Eu juro que nunca tinha visto um restaurante assim. Exótico é o termo que serve pra definir o ambiente aconchegante, divina é a palavra pras massas. Se estiver frio e você for um fanático por molho de tomate levemente picante não resista ao Ravioli
à Camorra. Não se intimide pelo nome. Vá fundo. Uma esticada pra cerveja (preta por causa do frio) pode cair bem se você não tiver se excedido.

Já passeou pela Redenção, pelos Moinhos de Vento, pelo Iberê Camargo e já andou de barco pelo arquipélago do Guaiba, mas ainda não foi numa churrascaria? Heresia!
Mas você veio de São Paulo onde tem uma churrascaria gaúcha em cada esquina? Então só tem uma solução: fuja do óbvio. Um rodízio de carne na grelha é a melhor pedida. Tem um lugar certo pra isso: Grelhatus. Churrascaria agradável com mesas espaçosas pra você se esparramar saboreando carne de primeira. Bom, não vou me espantar se você trocar a cervejinha programada pro fim da noite pelo buffet de sobremesas. Aquele prato montanha com pavês, pudins e doces variados vai te tirar de circulação até o dia seguinte.

Último dia na cidade e você já não espera nenhuma surpresa, pois só mata o tempo enquanto não chega a hora de ir pro aeroporto, mas não se espante se descobrir uma doceria fantástica com beirais gaudianos, chamada Maomé, enquanto circula nas imediações do Parque Farroupilha. Pode virar muçulmano depois dessa.


Por fim só posso agradecer ao Lauro, a Ciça, a Maria e aos seus gatos (os verdadeiros donos da casa) por me acolherem tão bem num dos invernos mais rigorosos que os Pampas já viram.

Essa postagem foi inspirada pela leitura de "Gourmet" de Jiro Taniguchi e Masayuki Qusumi.

Ps: Curiosamente, voltei pra SP com um livro gaúcho chamado Canibais pra ler.



O café é tão grave, tão exclusivista, tão definitivo
que não admite acompanhamento sólido. Mas eu o driblo,
saboreando, junto com ele, o cheiro das torradas-na-manteiga
que alguém pediu na mesa próxima.

Mário Quintana

3 comentários:

Arluce disse...

vc está de parabéns! essa matéria está digna de um autêntico taurino ( embora não seja o caso )
Agora só falta ler A mesa voadora, do Veríssimo.
Vou guardar as dicas dos lugares para uma viagem futura ao sul do Brasil.

Edu Mendes disse...

Dizem que depois de uma certa idade o que conta mesmo é o ascendente. Então, viva a Boa Vida.

Cecilia W. disse...

Tá entendendo porue eu e o Lauro estamos com essa belíssima forma redonda?
Estamos com saudades, volta logo!
Beijocas!