Atualmente, em São Paulo, existem três exemplos do que há de melhor no cinema neste início de século. São filmes de origens e temas completamente diferentes, mas que compartilham entre si uma maturidade poucas vezes vista nas salas de cinema.
Ponto Final
É muito difícil categorizar o mais recente trabalho de Woody Allen. Pode ser visto como um suspense, um drama ou até um filme de arte, mas sob meu ponto de vista é o ótimo exemplo do artesanato consciente.
Neste filme, Allen deixa de lado todas as peculiaridades que caracterizam grande parte de sua produções. Não há personagens trapalhões e inseguros e nem situações cômicas e constrangedoras. O que vemos é um filme construído em camadas, a partir de um roteiro impecável, em que o diretor manipula e brinca com o espectador que acompanha um personagem que tem que escolher entre dois estilos de vida e de relacionamentos e que conta com a sorte para seguir com suas escolhas pouco louváveis.
A Criança
É um exemplo completamente diverso da forma de fazer cinema de Woody Allen. Aqui, os irmãos Dardenne acompanham, de maneira quase documental, alguns dias na vida de um casal de delinqüentes belgas que acabaram de ser tornar pais. Muito mais importante do que retratar a experiência da paternidade, a histórias mostra de maneira crua como o modelo social europeu fracassou em oferecer o mínimo necessário aos seus carentes e excluídos . Enquanto os subsídios e instituições de apoio garantem o mínimo conforto material, uma série de jovens cresce sem referências culturais, sociais ou afetivas em um Europa sem fronteiras.
O Samurai do Entardecer.
Yogi Yamada é antes de tudo um mestre no auge da sua carreira e aqui oferece ao público o que só a experiência e a maturidade podem oferecer. Como uma ópera, o filme expõem em três capítulos a trajetória de um samurai que se torna herói pela força das circunstâncias e pelo peso da responsabilidade que sempre carregou. Começa desacreditado e termina laureado, apesar de nunca ter mudado em sua essência de herói. É um filme para ser apreciado cena a cena, sem ansiedade, assim como um bom vinho.
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