29 novembro 2006

Architectures

Pelo fato da Arquitetura ser um campo de estudo que envolve tantas disciplinas diferentes (engenharia, paisagismo, urbanismo, etc), ela acaba se tornando para muita gente uma área extremamente hermética e de difícil compreensão.
Entre os meios de comunicação, poucos conseguem transmitir com fidelidade os conceitos envolvidos na elaboração de um edifício. Revistas de arquitetura acabam se atendo a uma abordagem fetichista ou decorativa e livros ficam em uma análise distante e teórica demais. Arquitetura é vivência. Só a experiência de estar em um local transmite a compreensão de uma obra, e o mais próximo que podemos nos aproximar disso, através de um recurso documental, é com o cinema.
Entretanto, até hoje poucos realizadores conseguiram encontrar uma abordagem coerente e convincente. Geralmente, o roteiro prende-se demais à figura do arquiteto e se descobre muito mais sobre uma personalidade do que sobre Arquitetura.
Felizmente, de alguns anos pra cá, a produtora Les Films D’Ici vem desenvolvendo para a tv um conjunto de documentários de 25 minutos que analisam exclusivamente um edifício cada. Indo desde sua idealização, passando por sua história e pelos relatos dos envolvidos em seu projeto e construção (entre eles, o arquiteto que aqui está mais para coadjuvante, sendo o edifício o protagonista).
Além de conseguir de fugir do egocentrismo que muitas vezes ronda a figura do arquiteto, o documentário da série consegue ser muito didático, ensinando através de maquetes e esquemas, arquitetura até mesmo a quem nunca leu nada sobre o assunto.
Quatro volumes de DVDs da série já foram lançados no exterior, mas quem tem Eurochannel, pode encontrar alguns episódios na programação do canal, e agora alguns estão sendo disponibilizados no Google Vídeo. Clique no link abaixo para ver o respectivo episódio:

Faculdade de Arquitetura do Porto (Portugal) – Álvaro Siza Vieira



Termas de Pierre (Suíça) – Peter Zumthor



Bauhaus (Alemanha) – Walter Gropius



Guggenheim Bilbao (Espanha) – Frank Gehry



Familistério de Guise (França) – Jean-Batiste-Andre Godin



Auditório de Chicago (EUA) – Louis Sullivan



Mediateca de Sendai (Japão) – Toyo Ito



Casa Prouvé (França) – Jean Prouvé



Casa Mila (Espanha) – Gaudi



Estação de trem Satolas ( França ) – Santiago Calatrava



Escola de Belas Artes (França) – Felix Duban



Caixa de Viena (Áustria) – Otto Wagner



Ópera Garnier (França) – Charles Garnier



Salinas Arc et Senans ( França) – Claude Ledoux



Edifício Johnson (EUA) – Frank Loyd Wright



Museu Judaico (Alemanha) – Daniel Libeskind



Convento de Tourete (França) – Le Corbusier



Centro Pompidou (França) – Piano / Rogers



Casa de Vidro (França) – Pierre Chareau



Galeria Umberto (Itália) – Emanuele Rocco



Abadia de Sainte Foy de Congues (França)

27 novembro 2006

Mário Cesariny (1923 - 2006)

MÁRIO CESARINY DE VASCONCELOS nasceu no dia 9 de Agosto de 1923 em Lisboa. Freqüentou a Escola de Artes Decorativas António Arroio e estudou música com o compositor Fernando Lopes Graça. Considerado o mais importante representante poeta português da escola Surrealista, encontra-se em 1947 com André Breton, fato determinante no desenvolvimento de seu trabalho literário. Ainda nesse ano participa, junto com Alexandre O'neill, Antônio Pedro etc., do Grupo Surrealista de Lisboa. Algum tempo depois, por não concordar com a linha ideológica do grupo, afasta-se de maneira polêmica e funda o "Grupo Surrealista Dissidente". Principal representante do Surrealismo português, Mario Cesariny, no início de sua produção literária, mostra-se influenciado por Cesário Verde e pelo Futurismo de Álvaro de Campos, heterônimo de Fernando Pessoa. Ao integrar-se ao Grupo Surrealista, muda o seu estilo, trazendo para sua obra o "absurdo", o "insólito" e o "o inverossímil". Além de poeta, romancista, ensaísta e dramaturgo, também dedicou-se a às artes plásticas, sobretudo à pintura.

Rua do Ouro

Ai dele que tanto lutou e afinal
está tão só. Tão sozinho. Chora.
Direcção da Companhia Tantos de Tal.
Cinquenta e três anos. Chove, lá fora.

Chora, porquê? Ora, chora.
Uma crise de nervos, coisa passageira.
É, talvez, pela mulher que o adora?
(A ele ou à carteira?)

Seis horas. Foi-se o pessoal.
O homem que venceu está sozinho.
Mas reage:que diabo. Afinal...
E olha para o cofre cheínho.

Sim estou só ainda bem por que não? ele diz
batendo com os punhos na mesa.
Lutei e venci. Sou feliz
E bate com os punhos na mesa.

Seis e meia. Ó neurastenia
o homem que venceu está de borco
e sente uma grande agonia
que afinal é da carne de porco
que comeu no outro dia.

É da carne de porco ele diz
vendo a chuva que cai num saguão.
É da carne de porco. Sou feliz.
E ampara a cabeça com as mãos.

Durante toda a vida explorou o semelhante.
Por causa dele arruinaram-se uns cem.
Agora, tem medo. E o farsante
diz que é feliz diz que está muito bem.

Sim, reage. Que diabo. Terei medo?
E vê as horas no relógio vizinho.
Mas, ai, não é tarde nem cedo.
Ele, que venceu, está sozinho.

Venceu quem? Venceu o quê? Venceu os outros
Os outros, os que o queriam vencer!
Arruinou-os, matou-os aos poucos.
Então não o queriam lá ver?

Sim, reage: Esta noite a Leonor
amanhã de manhã o Salemos
e depois? Ah o novo motor
veremos veremos veremos

Mas pouco do que diz tem sentido.
Tudo hoje lhe é vago uniforme miudinho.
O homem que venceu está vencido.
O dinheiro tapou-lhe o caminho.

Os filhos? esperam que ele morra.
A mulher? espera que ele morra.
O sócio? Pede a Deus que ele morra!
Só a Anita não quer que ele morra!
Ai, maldita carne, murmura
vendo a água que há no saguão.
Tinha demasiada gordura!
E veste o casaco e o gabão.

Passa os olhos pelo lenço. Acabou-se.
Vai sair. Talvez vá jantar?
É inverno. Lá fora, faz frio.

O homem que venceu matou-se
na margem mais escura do rio
ao volante dum belo Packard

21 novembro 2006

Por que Chris Ware é o maior artista gráfico da atualidade?

Veja os últimos trabalhos de Ware para a Revista New Yorker e entenda o por quê.




19 novembro 2006

Soluções para São Paulo

Muito se fala sobre as dificuldades de se viver em São Paulo, entretanto poucos são os que deixam a cidade em busca de maior qualidade de vida. A razão principal é que em pouquíssimos lugares do mundo se encontra a oferta de serviços, cultura e entretenimento que São Paulo oferece aos seus habitantes.
Como se pode resolver os problemas da metrópole a fim de se usufruir plenamente os pontos positivos que esta tem a oferecer?
Não é preciso ser urbanista ou grande teórico para se enumerar as três questões mais urgentes de se resolver em São Paulo: violência, poluição e trânsito caótico. Duas destas três estão diretamente ligadas a um único elemento: o automóvel.
Qualquer um que já tenha vivido em uma capital européia sabe a loucura que é desenvolver um modelo de cidade amparado no carro como principal meio de locomoção. Em São Paulo isso ocorreu não só por influência do modelo norte-americano, mas também pela força do lobby da industria automobística e por uma sequência de prefeitos que priorizaram em seus governos grandes obras viárias, colocando de lado o mais que necessário investimento em transporte público. Resultado: os ônibus paulistanos são uma vergonha e o metrô, apesar de eficiente, tem uma rede insuficiente para as dimensões e necessidades da capital do estado.
Para se resolver isso, não é preciso nenhum plano mirabolante, basta que se invista em transporte público ( principalmente metrô) e em ciclovias.
Estou falando disso, porque encontrei um vídeo muito simpático e didático que fala do assunto.
Não deixem de ver.


15 novembro 2006

Minhas escolhas na 27ª Bienal de Artes de SP

Armando Andrade Tudela
Nascido em 1975, em Lima
Vive e trabalha em Maastrich, na Holanda
É um multiartista: assina maquetes, esculturas, colagens (em papel e outdoors) e guache sobre papel, com o propósito declarado de subverter as condições em que signos e símbolos se estabelecem como elementos fixos e estáticos.


Cláudia Cristóvão
1973, Luanda (Angola). Vive em Amsterdã (Holanda).
Nos últimos anos, a angolana Cláudia Cristóvão desenvolveu uma seqüência de trabalhos relacionados ao meio cinematográfico. Seus filmes desvelam uma grave tensão entre espaço público e os indivíduos, com narrativas carregadas de emoções e propensas a apagar as fronteiras entre ficção e realidade. Em telas de cristal líquido, as obras estabelecem um diálogo íntimo com o observador. Com Fata Morgana, a artista aborda pela primeira vez sua herança pós-colonial, retratando portugueses nascidos na África que avaliam sua própria identidade.


Susan Turcot
Nasceu no Canadá e hoje vive em Berlim.
Foi convidada da Bienal para ser artista residente no país. Decidiu ir para o Acre, e pesquisou imagens de satélite da região, que serão matéria-prima para desenhos. Além disso, deve organizar oficinas de sons e imagens artísticas.





Kristina Solomoukha
1971, Kiev, Ucrânia
Residente em Paris, França
O trabalho da artista gira em torno da reflexão sobre o espaço urbano, que atua tanto como sujeito de acontecimentos históricos como base para as utopias de seus habitantes. Um destes trabalhos foi produzido no Brasil em 2005, durante sua residência no Edifício Copan, em São Paulo-SP, obra que foi produzida a partir de bases conceituais similares às apresentadas em locais como a Akademie der Künste, em Berlim, Alemanha (2000); Fiacre, Nova York, EUA (2000); Quartier Éphémère, Montreal, Canadá (1999); e Villa Médicis Hors Les Murs, Berlim, Alemanha (1997).


Léon Ferrari
Nasceu em Buenos Aires em 1920. Vive e trabalha em Buenos Aires, Argentina.
Viveu em São Paulo, como exilado político, de 1976 a 1984. Em 1991 voltou a viver em Buenos Aires.
A polêmica sempre rondou seu trabalho, de conteúdo fortemente político. A exposição "León Ferrari 1954-2004", no Centro Cultural de Recoleta, em Buenos Aires, foi fechada por pressão de uma organização católica que a considerou "blasfema". O artista, que sempre viu a imagem católica do inferno como uma justificativa da Igreja para matar e torturar gente desde a época das cruzadas até as ditaduras latino-americanas da década de 1960 e 70, expôs a obra "Cristo crucificado en un avión de combate". Nela, a figura do Cristo está presa a um avião de combate norte-americano.

08 novembro 2006

Algumas experiências com aquarela


Inspiradas pela paisagem do Douro.