29 janeiro 2006

Agora que temos mais numerosos e mais importantes leitores (minha mae), posso escrever mais longamente.

Bom, alem das chatissimas pesquisas para descobrir quem raios estuda o que eu quero estudar nesta porcaria de cidade, consegui ir a alguns museus.

No museu Jacquemart-Andre, um lindissimo hotel particular do XIX, uma colecao linda de arte italiana, com Bellini, Boticelli e Rafael, alem de varios outros ilustres desconhecidos maravilhosos. E de notar uma virgem com o menino do (Sandro) Boticelli ao lado de uma do Perugino, que sao, nos gestos e nas roupas, as mesmas. Mas e incrivel ver como, no mesmo momento, um quadro e sobrio e nobre, classico nas linhas, nas proporcoes, luz e cor, e o outro e totalmente nao natural nas cores, nas proporcoes do corpo, nas poses afetadas, nas roupas carregadas de enfeites. Sera que uma pessoa da epoca conseguia ver e aceitar os dois? Duvido.

Tambem nesse museu, um quadro do Rembrandt, Os disciplos de emaus (acho que deve ser isso em portugues). Edu, poe ele ai no blog para todo mundo ver. E maravilhoso como ele compoe o quadro com uma figura secundaria no meio, a unica que podemos ver direito. A direita do quadro esta o personagem principal, Jesus, totalmente na contra luz e, portanto, so uma silueta preta. Para equilibrar, la no fundo, a esquerda, uma outra silueta, bem menor, marcada pela luz de um forno ou lareira. Nos vemos Jesus apenas pelos olhos do disciplo espantado.

Os tais dos esposos Jacquemart-Andre tambem tiveram a boa ideia de comprar tres afrescos do Tiepolo, que eu adoro. Os de teto sao sempre um prazer de ver, pois dao a impressao de movimento em espiral. Parecem realmente estar subindo em direcao ao ceu.

O de parede e muito bonito e lembra muito o Veronese. Vc olha e se sente como parte da cena, a chegada e Henrique III a uma cidade da Italia onde estava acontecendo um casamento importante. A brisa nas roupas e a composicao com aberturas entre grupos de pessoas fazem com que vc sinta a brisa e o ar do mar.

Alem de tudo isso - sim, acreditem, eu vou escrever mais! - havia uma exposicao do Jacques-Louis David, que pintou aquele famoso quadro do Marat morto (por sua amante) em sua banheira. Pois eu amei a exposicao. Realmente, temos que dar o braco a torcer a esse bravo David, pois o seu neo-classicismo realmente inspira os sentimentos que pinta. Eu senti misericordia, horror e melancolia na exposicao. E so do Marat que eu nao gosto muito. Ele e um morto muito estranho. Po! Ele foi esfaqueado pela amante! Como e que querem que ele morra tranquilao daquele jeito? Nao engulo.

E para aqueles que conseguiram ler ate agora, posso contar que quase morri o outro dia de uma overdose de queijo. No fim do dia, passei no supermercado, comprei o meu queijo e o meu vinho nacionais e fui contente dar uma de parisiense. Comi e bebi tranquilamente, lendo algum livrinho, e passei a pior noite da minha vida, maldizendo todos os queijos e todos os vinhos. Tive ate febre no dia seguinte. Por enquanto, nao posso ver nenhuma das duas coisas por perto.

Isso me leva a uma outra questao que e sobre o cheiro da Franca. Sou eu ou varios lugares aqui cheiram a queijo? Tem um monte de lugares, de casas a lojas, livrarias e metros que tem aquele cheirinho de queijo. Eu nao sentia isso antes. Sera que o cheiro mudou? Ou o meu nariz?

So para terminar, Edu, um amigo meu tem novidades de quadrinhos a me mostrar. Depois te dou mais informacoes.

3 comentários:

Edu Mendes disse...

Tininha,
Só uma overdose de vinho e queijos pra interromper suas peregrinações, hein?
Vc vai bater o recorde de exposições em um período tão curto.
Veja se coloquei as imagens certas e depois me conte direito sobre essas novidades nas BDs.

Anônimo disse...

Só queria dizer que a mamãe quer comentar no blog mas está com vergonha. Dêem uma força para ela.

Edu Mendes disse...

Comentários maternos são sempre bem vindos.
Afinal de contas, o blog também serve pra diminuir distâncias e contas telefônicas.