Bellotto e Bellini
Sérgio Britto e Branco Mello fundaram o Kleiderman, banda cult que deu muito o que falar. Marcelo Frommer tornou-se comentarista de futebol e até escreveu o roteiro de uma HQ. Nando Reis iniciou uma carreira solo que deu tão certo que acabaria se tornando sua única carreira com a saída do grupo, mais tarde. Paulo Miklos presenteu o cinema brasileiro com uma atuação genial no filme O Invasor. E por fim, Tony Bellotto arriscou-se em algo que sempre tinha sonhado fazer: tornar-se escritor de livros policiais.
O gênero policial por ser tão peculiar, datado e por ter tido mestres incomparáveis pode ser um terreno perigoso pra qualquer escritor que se aventure por ele. Entre aqueles que se arriscaram, apesar da coragem louvável, poucos conseguiram sucesso.
Bellotto, seguindo a tradição da Literatura Pulp e reverenciando os mestres do gênero policial, seguiu a risca a cartilha, e nesse aspecto as histórias de seu personagem-detetive Bellini não inovam em nada, muito pelo contrário, são uma homenagem rasgada a gênero com todos os clichês que um policial hard-boiled tem direito. A originalidade de sua série, que já conta com três volumes, está na ambientação que tem São Paulo como um personagem onipresente.
Quem conhece bem a cidade vai reencontrar a noite, o submundo e as figurinhas tão comuns da Paulicéia Desvairada, mas vai também descobrir coisas que talvez nunca tivesse notado por trás da correria e do concreto aparente. Coisas como granjas no bairro do Bom Retiro e outros lugares quase irreais.
Dando prosseguimento numa tradição que já contava com nomes como Marcos Rey, Stella Carr e Patrícia Mello, Bellotto apresenta São Paulo em toda sua crueza e verdade, deixando em qualquer paulistano um pouco de orgulho de uma cidade que tem não só monumentos pra apresentar, mas também muita vida e histórias, independente de qualquer juízo de valor.
Àqueles que não conhecem a cidade, deve ficar uma curiosidade intensa de descobrir esse labirinto de ruas e sensações.
Nas três histórias já publicadas, Bellini está sempre presente na figura do detetive particular celebrizada pelo gênero. Leva uma vida de excessos onde as únicas constantes são o blues, o álcool, o sexo e um pragmatismo que chega a incomodar. Cada história mostra também uma abordagem levemente diferente da anterior dando um certo frescor ao gênero.
Bellini e a Esfinge
Quem é Ana Cíntia Lopes? Por que Camila e Dinéia sumiram? O que deseja Fátima? Por que Fabian segue Pompílio? Quem matou o doutor Rafidjian? Qual o segredo de Beatriz? As perguntas acumulam-se na cabeça do detetive Remo Bellini enquanto ele percorre o submundo da cidade de São Paulo em busca de respostas. Aos poucos, os mistérios vão se desvendando de forma surpreendente, até que a decifração do enigma final deixa Bellini perplexo, com um gosto horrível na boca.
Bellini e o Demônio
O detetive paulistano Remo Bellini continua na ativa. Desta vez ele está dividido entre dois casos igualmente intrigantes: localizar um manuscrito perdido de Dashiel Hammett, o grande mestre do romance policial, e desvendar o assassinato da jovem e bela Sílvia Maldini, encontrada com um tiro na testa no banheiro da escola. Sempre ao som de blues, Bellini transita entre São Paulo e Rio, entre ricos sem fama e pobres ilustres, entre algumas conquistas e muitos fracassos amorosos. Nesse caso demoníaco, em que ainda aparecem mais assassinatos, tráfico de drogas e sexo, nada (nem ninguém) é exatamente o que parece.
Belllini e os Espíritos
Um chinês entrega US$ 5 mil ao escritório de investigações do detetive Remo Bellini para que encontre o suposto assassino do advogado Arlindo Galvet, morto em plena corrida de São Silvestre. Desse momento até o final, o foco muda e, ainda que a morte do advogado continue insolúvel, passa-se de encontros e desencontros com a máfia chinesa para um contexto feito de espiritismo, troca de identidade e violência contra a criança.
Além dos três livros, a Saga de Bellini já rendeu um filme com Fabio Assunção no papel principal. Apesar de estar entre o que tem se feito de melhor na produção recente do cinema brasileiro, o filme não chega à altura do livro e altera um ponto nevrálgico da história de uma maneira que desagrada qualquer fã.
Hoje, de tudo que li no jornal, o que mais me chamou a atenção foi a charge do Angeli.
Acho que ela representa muito bem a sensação de desamparo e a falta de esperança que tomou conta de muita gente que eu conheço.
Acho que ela representa muito bem a sensação de desamparo e a falta de esperança que tomou conta de muita gente que eu conheço.
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