22 julho 2006

Coimbra

Uma parte de mim ficou em Coimbra, mais precisamente em uma lápide fincada no Penedo da Saudade.

Entro pela Porta Férrea
e atrás de mim vejo Coimbra a nascer sentimentos,
um poema de dor me corta ao meio
como se de mim estivesse se desfazendo,
por meus dedos medievais (...).
Álvaro Alves de Faria




(...) Por estas ruas
ouço Coimbra a morrer em mim poeta que sou de outra terra
e que estende o olhar possível
essa ave nos arcos nas pedras
essa água desse rio que me lava
rio que me leva (...).
Álvaro Alves de Faria




Às 9h da manhã, um homem
subia as escadas monumentais com uma borboleta poisada no ombro.
Nunca vi ciência mais exacta.
Manuel Silva-Terra






Manuel, tens razão.
Venho tarde.
Desculpa.
Mas não foi Anto, não fui eu quem teve a culpa,
Foi Coimbra. Foi esta paisagem triste, triste,

A cuja influência a minha alma não resiste. (...)
Vá! Dize aos choupos do Mondego que se calem
E pede ao vento que não uive e gema tanto: (...)
Histeriza-me o vento, absorve-me a alma toda,
O Vento afoga o meu espírito num mar
Verde, azul, branco, negro, cujos vagalhões
São todos feitos de luar, recordações.
António Nobre


Flores para Coimbra
Que mil flores desabrochem.
Que mil flores
(outras nenhumas) onde amores fenecem
que mil flores floresçam onde só dores florescem.
Que mil flores desabrochem.
Que mil espadas
(outras nenhumas não)
onde mil flores com espadas são cortadas
que mil espadas floresçam em cada mão.
Que mil espadas floresçam
onde só penas são.
Antes que amores feneçam
que mil flores desabrochem.
E outras nenhumas não.
Manuel Alegre

Um comentário:

Anônimo disse...

" Essa vida é uma estranha hospedaria,
De onde se parte quase sempre às tontas,
Pois nunca as nossas malas estão prontas,
E a nossa conta nunca está em dia...
(Mário Quintana ), sobre Hóspedes

Um beijo feliz logo pela manhã!