24 julho 2006

O miúdo e seu cão

Lembram que muito tempo atrás eu postei um desenho de um garoto que eu vi tocando no metro de Lisboa com seu cão a tira-colo?
Então olhem só o que eu encontrei no Youtube:

22 julho 2006

Coimbra

Uma parte de mim ficou em Coimbra, mais precisamente em uma lápide fincada no Penedo da Saudade.

Entro pela Porta Férrea
e atrás de mim vejo Coimbra a nascer sentimentos,
um poema de dor me corta ao meio
como se de mim estivesse se desfazendo,
por meus dedos medievais (...).
Álvaro Alves de Faria




(...) Por estas ruas
ouço Coimbra a morrer em mim poeta que sou de outra terra
e que estende o olhar possível
essa ave nos arcos nas pedras
essa água desse rio que me lava
rio que me leva (...).
Álvaro Alves de Faria




Às 9h da manhã, um homem
subia as escadas monumentais com uma borboleta poisada no ombro.
Nunca vi ciência mais exacta.
Manuel Silva-Terra






Manuel, tens razão.
Venho tarde.
Desculpa.
Mas não foi Anto, não fui eu quem teve a culpa,
Foi Coimbra. Foi esta paisagem triste, triste,

A cuja influência a minha alma não resiste. (...)
Vá! Dize aos choupos do Mondego que se calem
E pede ao vento que não uive e gema tanto: (...)
Histeriza-me o vento, absorve-me a alma toda,
O Vento afoga o meu espírito num mar
Verde, azul, branco, negro, cujos vagalhões
São todos feitos de luar, recordações.
António Nobre


Flores para Coimbra
Que mil flores desabrochem.
Que mil flores
(outras nenhumas) onde amores fenecem
que mil flores floresçam onde só dores florescem.
Que mil flores desabrochem.
Que mil espadas
(outras nenhumas não)
onde mil flores com espadas são cortadas
que mil espadas floresçam em cada mão.
Que mil espadas floresçam
onde só penas são.
Antes que amores feneçam
que mil flores desabrochem.
E outras nenhumas não.
Manuel Alegre

21 julho 2006























Anamorfoses está em luto pela morte de Ruy Athouguia.














Quando passeava por Lisboa, meus lugares preferidos eram exatamente dois projetos idealizados por esse "arquitecto" macaense: a Fundação Calouste Gulbenkian e o Bairro das Estacas.

13 julho 2006

Prévia do Garagem Hermética

O site de notícias Universo Hq divulgou hoje o golpe de marketing do grupo Sócios Ltda para o lançamento do seu próximo zine, o Garagem Hermética.
Clique aqui para ler.
Durante o último HQMix, foi distribuida uma prévia do fanzine Garagem Hermética a ser lançado durante o segundo semestre.
A primeira edição terá 32 págs. e contará com hqs e textos de Kleber de Souza, Edu Mendes, Nobu Chinen, Cadu Simões, Harriot Júnior, Camila Torrano, Bernard Blazek, Fabio Silva, Rodrigo Taguchi, Rodrigo Alonso, Felipe Cunha, Luigi Colafigli e Roberta Bronzzato.Aguardem.

08 julho 2006

Romance no cinema 3

Na seqüência final desta lista de filmes cujo foco está nos relacionamentos, tentei colocar mais alguns filmes tendo como único critério de escolha a lembrança. Os filmes dos quais eu me lembrava com mais facilidade deveriam ser aqueles que mais me marcaram. Pode-se dizer que quase todos títulos são produções recentes, mas não se deixem enganar por isso. Sou um grande fã do cinema clássico, mas coisas como “E o Vento Levou” não me dizem muito. Acho que as produções atuais nesse gênero são muito melhores que os exemplos mais antigos.


Brokeback Mountain -Ang Lee
Mais uma história de temática gay para homófobos. Neste filme, a direção sensível conjuga-se com uma fotografia espetacular e uma trilha do mesmo compositor da trilha de Diários de Motocicleta: Gustavo Santaolalla. Mais uma vez, prega-se a impossibilidade de um relacionamento (dois cowboys gays) que vai contra a moral e os bons costumes. Extremamente poético. Merecia o Oscar no lugar de Crash. A seqüência final, onde um dos personagens encontra sua camisa intocada no armário do amante anos depois é de sensibilizar o mais convicto machão.

Não Amarás - Krzysztof Kieslowski
Idealizado para representar um dos dez mandamentos da série Decálogo de Kieslowski, o média produzido para a TV virou longa com algumas diferenças consideráveis. Acredito que seja o filme mais importante e obrigatório de toda a lista. Nele, um jovem funcionário dos correios observa, através de uma luneta, a vizinha da frente, apaixona-se por ela e acaba por se aproximar. A mulher experiente e independente trata de mostrar como o amor é físico e fugaz o que faz com que o jovem tome uma atitude desesperada e leve sua amada rever todas as suas convicções. Toda a angustia e pessimismo eslavos estão presentes , desde o cenário até as cores. Se há poesia na dor e no silêncio, então está tudo aqui nas metáforas visuais de Kieslowski.

Jardineiro Fiel - Fernando Meireles
Alguém poderia estranhar eu ter colocado nesta lista um filme sobre a exploração da África pela indústria farmacêutica, mas na minha modesta opinião isso seria fazer uma leitura muito superficial do filme. Troque-se a indústria farmacêutica pela indústria armamentista ou qualquer outra forma predadora do capitalismo e o filme ainda é o mesmo, mas tire-se a história de amor dos personagens principais e o roteiro desmorona. As seqüências que mostram a intimidade do casal estão entre as mais belas que já vi no cinema. Ainda assim, o filme cai naquele clichê de que só a morte cura a dor da separação.

06 julho 2006

Romance no cinema 2

Desta vez, o foco fica mais exagerado, indo do amor perfeito e infinito até as maiores maldades que alguém pode fazer com quem pretensamente ama.

Caminho pra casa - Zhang Yimou
Este é o único exemplo que encontrei onde o amor é algo perfeito e duradouro (enfim, talvez haja esperanças). É um filme do mesmo genial diretor de Herói que constrói seus planos com se fossem pinturas e conta a história de um filho que precisa enterrar o pai em sua cidade natal, e que relembra o romance entre seus pais durante esse processo. É bonito, poético e ninguém tem vergonha de achar o amor lindo no fim disso tudo.

Perto demais - Mike Nichols
Talvez a história de amor mais realista e ácida que eu já vi. Trata de um quadrado amoroso ( esse termo existe?). Dois casais que passam por encontros em desencontros ao longo de suas vidas. Além da trilha sonora magnífica, o que mais me interessou nesse filme foi a maneira como se mostrou o que existe de menos glorioso nos relacionamentos. Afinal de contas, um relacionamento não tem só amor, carinho e compreensão, tem muito de masoquismo, traição e egoísmo. O auge do filme fica no momento em que o personagem de Clive Owen propõem a sua ex ( Julia Roberts) “one last fuck” em troca da assinatura do divórcio. Enfim, todos mentem, em menor ou maior escala.

Felizes juntos – Wong Kar-Wai
Você é daqueles que odeia gays e tudo que está relacionado com o universo gls? Então vá ver esse filme de Wong Kar-Wai ( sim, ele e seu diretor de fotografia Christopher Doyle de novo) que mostra o romance entre dois chineses em Buenos Aires. Ao som do tango, Wai mostra como nos envolvemos em relacionamentos destrutivos em busca de algo (talvez) impossível de conseguir. Wong Kar-Wai é um mestre capaz de sensibilizar o pior homófobo com essa história de dois gays nos confins da América do Sul.

04 julho 2006

London Fog News - Summer Edition

Aqui em Londres, sempre que vejo cartazes da exposição Future City: Experiment and Utopia in Architecture me lembro do Edu. Aliás, tem tanta coisa legal rolando no momento que fica dificil encaixar tudo na agenda. Tenho tentado fazer de tudo um pouco.Fui numa performance+teatro+dança meio circense que me deixou estupefata. É um grupo da Argentina que já se apresentou aqui com um outro espetáculo e agora que eles reinauguraram esse antigo teatro (roundhouse) que já serviu de palco pro The Doors, JimiHendrix e Pink Floyd, o "Fuerzabruta" abriu as suas portas com tudo. Fica difícil colocar em palavras quando o lance é todo visual, dê uma olhada nos clips do website pra se ter uma idéia. Outro dia, tava folheando a Timeout, que seria o nosso equivalente a Veja, e vi que ia rolar um evento de comemoração de 10 anos de Onedotzero. Onedotzero é uma espécie de festival de curtas que rola todo ano e que de tempos em tempos produz dvds dos melhores trabalhos. Sempre tem uns achados e geralmente eles exibem os curtas em festivais grandes, como por exemplo o famoso Glastonbury daqui. Descrição do evento: animation,peep shows, short films e perfomances. Com relação a essa segunda categoria, não me pergunte porque até agora não sei o que é. Chegando lá, aquele povinho descolado como sempre, fazendo pose de que tá achando tudo mais ou menos porque estão muito a frente de seu tempo... e tomando Brahma sem parar, porque agora Brahma aqui se tornou a cerveja do verão. Estava conversando com uma amiga, quando ela me interrompeu dizendo que tinha um cara pelado passando por mim. Vez ou outra, ele passava e parava pra observar o movimento. Um host ultra gay usando um macacão amarelo fosforescente com um ziper aberto até o umbigo introduzia os acontecimentos. Seres se arrastavam no chão tomando impulso pelos pés das pessoas, me remetendo aquela cena de "beleza roubada", em que LivTyler vai a uma festa numa espécie de mansão. Projeções rolando na parede, gente jogando capoeira e eu e a minha amiga só indagando se o evento se limitava a isso... Até o momento que entra um cara no palco vestido todo de preto com uma máscara bizarra na parte detrás da cabeça. a parede então é tomada por uma projeção grande, o cara começa a tocar bateria num ritmo alucinante e ao mesmo tempo controla as pick-ups que liberavam um som eletrônico. na projeção, trechos repetitivos de filmes, como por ex: pessoas dizendo yeah, yes... com diferente entonações e na seqüência "i love you", "huh", "argh" e por ai foi... de tirar o fôlego. Uma salada mista que agradou o paladar.Essa semana, tô com 4 dias de folga e vou aproveitar pra ir numas exposições. tem duas galerias que tô querendo ir dar uma checada... http://www.albion-gallery.com/-gallery.com/ - uma rtista chinês que faz umas foto-montagens meio bizarras e http://www.gagosian.com/ - o famoso polêmico Damien Hirst que dessa vez inventou de fazer umas releituras dos trabalhos do Francis Bacon. De resto, vamos indo... parece que o Johnny Deep e Orlando Bloom vão dar o ar da graça no Madame Tussauds pra estréia da nova atração dos "Piratas do Caribe"! Vamos ver.... mando fotos se conseguir dar uma de penetra. Há algum tempo, o Michael Jackson fez uma aparição com os filhos e parece que ninguém pode chegar perto das crianças. Woody Allen também passou por lá disfarçado dele mesmo, foi reconhecido, mas com discrição. Até agora só vi o esnobe do João Paulo Diniz e Paul Weller, cantor daquela banda inglesa "The Jam" e parece que só eu reconheci. O Brasil ter sido derrotado na Copa foi uma grande decepção... mas tem coisa pior do que morar numa cidade "inglesa" cheia de francês arrogante e pretensioso?

Fê Hornnybunny
Nossa correspondente em Londres


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Romance no cinema

Outro dia, estava pensando quais eram os melhores filmes de amor que eu já tinha visto e fiquei surpreso ao perceber que eram todos relatos de histórias infelizes. Será que toda história de amor está fadada a acabar em choro ou frustração? Talvez não. Acredito que há luz no fim do túnel.
Não é à toa que dizem que o casamento é a vitória da esperança sobre a experiência.
Bom, vamos aos filmes que são bons não por acabarem em lágrimas, mas por outros motivos mais importantes que a felicidade ou infelicidade dos personagens.

Uma Relação Pornográfica - Frédéric Fonteyne
Realizado como se fosse um documentário, este filme reproduz os relatos de dois personagens bem diferentes.Eles se conhecem através de um anúncio, onde se propõem a quebrar tabus em um motel qualquer. Passam a se encontrar semanalmente. Sem nomes, sem detalhes pessoais, sem apego. O tempo passa e um dia algo acontece. Eles já não são os mesmos e já não tem o mesmo desapego de antes. Termina como começou, de maneira banal, como muitas vezes na vida. Um dos filmes mais poéticos e tristes que eu já vi. O espectador fica frustrado ao ver como a vida é banal e como perdemos oportunidades sem nos darmos conta.


Amor à Flor da Pele – Wong Kar-Wai
Wong Kar Wai só sabe filmar histórias de amor, entretanto cada filme seu é diferente do anterior, e Amor à Flor da Pele é sua obra-prima. Se Uma Relação Pornográfica destilava poesia nos silêncios, este filme que se passa em Hong Kong em meados do século passado, é dedicado à poética sensorial. Som e imagem integram-se criando um clima que envolve o espectador e faz com que este sofra com os encontros e desencontros de um casal de vizinhos que descobre por acaso que seus respectivos cônjuges estão mantendo romance.
Um detalhe importante: este filme foi feito de maneira intuitiva pelo diretor, não havia roteiro só seqüências soltas que juntas acabariam por formar a história.


O Mesmo Amor, A Mesma Chuva - Juan Jose Campanella
Campanella é o mestre das histórias de amor que agradam a todos e ficou mundialmente famoso com seu O Filho da Noiva. Este é o único desta série para se ver em família. Na saga de um escritor e jornalista que se apaixona por uma atriz durante o período mais estranho da história argentina, Campanella trabalha com esmero o típico melodrama sem cair no chavão ou sem banalizar. Seu domínio da narrativa é surpreendente e envolve qualquer um. Os diálogos são bem escritos, as cenas bem filmadas e a fotografia é eficiente. Aos poucos você esquece que aquilo é ficção e passa a torcer para que o Ricardo Darin caia na real e volte pra sua alma-gêmea. Esse cara ainda vai levar um Oscar algum dia, escutem o que eu digo.

02 julho 2006

Em breve

Algumas publicações interessantes que sairão em Julho: