29 dezembro 2005

CINEMA, ASPIRINAS E URUBUS

Foi em algum filme do Wim Wenders que eu escutei que uma história se conta através do espaço entre os personagens.
Cinema, aspirinas e urubus está ganhando diversos prêmios e é o melhor filme dessa geração pernambucana exatamente porque seu diretor Marcelo Gomes sabe, como poucos, como usar esse espaço entre personalidades tão diferentes pra contar uma história sensível e complexa.
Eu disse complexa, mas poderia ter dito simples, porque esse é um daqueles casos contraditórios. O enredo é muito simples, poderia ser resumido em uma linha e estaria englobando toda a ação que ocorre em quase duas horas de projeção, mas estaria longe de dizer o que realmente acontece.
A trama, o conflito, a tensão são tratadas de maneira sutil e sugerida. Apesar das ações serem visíveis, as consequências de cada ato são internas e pessoais, a história surge na maneira como essas mudanças moldam o espaço entre os dois protagonistas.
Os primeiros minutos de andanças de Johann pelo agreste nordestino dos anos 40 são mero prólogo pra história que vai se desenvolver a partir do encontro deste alemão com o retirante Ranulpho.

27 dezembro 2005

O Importuno - Almeida Júnior























Está lá. Logo na entrada da exposição de arte erótica do CCBB de São Paulo.
Além da tela impressionar pela dimensão, a técnica de Almeida Júnior te faz entrar no cenário e viajar no tempo.
Você fica ali, embasbacado, olhando a modelo que se veste ( ou se despe), a tela pela metade no cavalete e o artista que vai ver algo ou alguém atrás da cortina.
"N" histórias te passam pela cabeça e você fica ali, bobo, olhando a tela.

26 dezembro 2005

Laboratório de arquitetura

Já é muito bem sabido que o programa residencial é aquele onde os arquitetos mais exploram soluções novas e possibilidades experimentais que seriam prontamente barradas em projetos de grande envergadura.
Mesmo assim, é muito raro ver uma casa que nos faz repletir sobre o papel da arquitetura e da habitação.
Há algumas semanas, tomei contato, quase que simultaneamente, com dois projetos residencias que não me saem da cabeça, e que tem me rendido muita reflexão.
O primeiro projeto , uma casa no norte de Portugal, construida por Álvaro Leite Siza (filho de um dos maiores expoentes da Escola do Porto), conheci através da palestra apresentada pelo Grupo ARX durante o evento Des -continuidade. Essa curiosa casa lida com a questão dos desníveis da maneira mais simples e lógica: através de escadas. Enquanto os projetistas quebram a cabeça pra negar ou suavizar diferenças de nível, Leite Siza faz da escada elemento central de seu projeto de maneira tão lúdica que desde os Carceri de Piranesi ninguém via nada assim.
O segundo projeto, uma casa no sul do Brasil, elaborada pelo escritório Procter: Rihl (publicada no número 139 da revista AU), também trata com naturalidade questões que a maior parte das pessoas tenta disfarçar: terrenos de dimensões exiguas e falta de segurança. Tendo que ocupar um lote estreito e comprido sem se descuidar dos aspectos de segurança inerentes à vida nos grandes centros urbanos, Fernando Rihl cria um bloco compacto em que usa as grades de uma maneira tão harmônica que elas somem como elemento de segurança e incorporam-se ao conjunto dando dimanismo ao bloco. Enquanto a casa de Siza abre-se para a paisagem, o projeto de Rihl fecha-se e tira partido de uma solução belíssima de pátio interno.
Clique nos links abaixo para maiores informações sobre os projetos.

Casa Tóló -Álvaro Leite Siza








Casa Slice - Procter : Rihl

25 dezembro 2005

Cadernos de Viagem


Sempre me agradou muito a idéia de um diário visual de viagem, e eu mesmo já mantive registros visuais de diversas viagens de fiz, só que por serem tão fragmentados nunca formaram diários.
Acho que o primeiro caderno de viagem genuíno que vi foi algum dos muitos que o Loustal fez. Ele foi tão bem sucedido nessa tarefa que fez vários, e depois de um tempo passou até a receber encomendas pra isso.
Felizmente, ele não foi o único. O francês Jano também fez disso uma linha de trabalho, explorando o norte da África e registrando tudo o que via.
Depois, veio o galego Miguelanxo Prado que explorou Lisboa junto com Eric Sarner. Nada melhor que um galego pra entender os portugueses.
É exatamente por esse prazer que eu desfruto sempre que pego um caderno de viagens que eu reverencio a série Cidades Ilustradas , lançada pela Casa XXI. Depois de pedir ao Jano que desenhasse o Rio, ao Prado que explorasse Belo Horizonte, e ao César Lobo que se perdesse em Curitiba, Saíram recentemente mais dois volumes: Salvador por Marcelo Quintanilha; e Belém por Jean Claude Denis. Este último, na minha opinião, o melhor até agora. Denis explora a paisagem da capital do Pará tanto em desenhos gestuais de caneta, como também em aquarelas lindíssimas que demonstram todo o seu poder se síntese.
Seus comentários, não são irônicos como os de Jano, fantasiosos como os de Prado ou turísticos como os de Lobo, são apenas comentários de um viajante, em alguns momentos críticos e outros deslumbrados.
E como se não bastasse, tudo indica que ainda vem por aí, as cidades do ouro por Marcelo Lellis e São Paulo por Luis Louro .


20 dezembro 2005

Ufa. Enfim eu consegui entrar neste blog.

Bom, eu sou a participacao especial que o Edu mencionou e eu estou escrevendo num Mac e, por isso, nao usarei acentos.

Tina, para quem nao me conhece. Muito prazer. A ideia da participacao especial veio de uma viagem que eu vou fazer para Nova Iorque e Paris em janeiro. Devo deixar uma especie de diario de bordo por aqui.

Antes de sair do pais, no entanto, fiz uma mudanca drastica: vim morar em Brasilia. Aqui estou, tentando me adaptar. Vou aproveitar entao para deixar para o Edu as novidades do meu embate com a cidade.

Ate agora, achei a cidade muito estranha. Antes, quando vinha a trabalho, achava Brasilia legal, bonita. Agora, acho uma loucura. Sem querer ser superficial - sei que deve ter alguns arquitetos lendo o blog do Edu - e reconhecendo que ainda nao li o suficiente a respeito das discussoes sobre o planejamento e a construcao de Brasilia, e uma maluquice querer projetar uma ciadade inteira, de cabo a rabo e partindo do nada. Como se uma cidade nao fosse organica pelo simples fato de que e povoada por seres humanos. Como se bastasse vc delimitar um Setor de Diversoes para que as pessoas fossem la se divertir. Ou ainda, como se bastasse delimitar ruas comerciais para que, em cada rua, houvesse uma padaria, um acougue, um cyber cafe, uma lojinha quebra galhos, um supermercado, uma livraria e um boteco. Nao tem. E feira? Tambem nao tem. E quando crescer? E quando o cemiterio lotar? Me faz lembrar o Mon oncle do Jacques Tati, com aquela casa moderna, toda projetada e industrializada e, no fim das contas, pouco pratica.

Gosto de muitos predios. Gosto do Congresso, do Itamaraty, do Planalto e muitos outros, mas a cidade como um todo nao funciona. Me ocorreu hoje, enquanto passeava pela Praca dos Tres Poderes, que e muito nossa essa ideia de que vamos resolver tudo por decreto. Decretaremos que a capital do Pais sera essa cidade, no centro geografico do Pais, toda cheia de simbolos de desenvolvimento; o aviao, a maquina, a industria... O Brasil vai deslanchar, se desenvolver todo.

Mas ai, o que acontece? Tem construcoes irregulares, ja tem engarrafamentos, porque todos tem que fazer tudo de carro, os predios novos construidos nao seguem o mesmo padrao e destoam dos originais, o verde nao e tao verde porque aqui e seco a beca etc. Enfim, me parece bastante ingenuo, apesar de eu entender que era o ar daquele tempo.

Mesmo assim, eu fico bastante intrigada com o Lucio Costa. Eu havia lido dele coisas sobre a arquitetura colonial, onde ele defendia a utilizacao das solucoes desenvolvidas aqui no Brasil, as mais adequadas ao nosso tipo de vida. A taipa de pilao, o adobe, a utilizacao das pedras embaixo das pilastras contra os cupins, os telhados bons para evidar a chuva, as varandas etc. Tudo bem na escala humana e bem perto do homem do Pais. De repente, ca estou numa cidade que nao tem nada disso. Preciso ler mais a respeito. Aguardo que vc me mande uma bibliografia, Edu.

E isso por hoje sobre Brasilia. Mais noticias depois.

17 dezembro 2005

Finalmente descobri a autora do poema que está junto do rosto da garota oriental na Estação Sumaré do metrô.

Eu canto porque o instante existe
e a minha vida esta completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.

Cecília Meireles

14 dezembro 2005

Mutarelli e J C Fernandes
A vitória dos difíceis.

Existe um fato que une Lourenço Mutarelli e José Carlos Fernandes na minha vida. No início, odiava ambos, e hoje, estão entre os meus preferidos.
Confesso, sem vergonha alguma, que na primeira vez que vi uma história do Mutarelli meio que passei ao lado, praticamente ignorei. O traço não me atraiu e o enredo, simplesmente me pareceu bizarro. Na segunda, já fui dominado pela repulsa ao testemunhar no ápice da história um ritual satânico animado com pedofilia e mutilações.
Já com Fernandes, as primeiras páginas só me pareceram sem graça e mal desenhadas, mal memorizei o nome do autor.
Anos depois, imaginem qual não foi minha surpresa, quando conheci a SAGA DE DIOMEDES e A PIOR BANDA DO MUNDO. Pra começar, ambas são de um refinamento e uma maturidade extremamente raras nas BDs / HQs. Em segundo lugar, elas são a maior prova de que os maus desenhistas também encontram seu estilo e são capazes de um repertório gráfico de dar inveja em qualquer virtuoso do bico de pena.
Este empenho no grafismo e na busca na representação visual pessoal são comprovados em relatos de ambos que dizem respeito a mudanças gráficas que foram obrigados a fazer por dificuldade em encontrar certos produtos artísticos (papel no caso de Fernandes e bico de pena no caso de Mutarelli) que impediam a continuidade de um conceito gráfico que estava sendo trabalhado ao longo da série.
A SAGA DE DIOMEDES, presente em O Dobro de Cinco, O Rei do Ponto, A Soma de Tudo é, em primeiro lugar, uma leitura apaixonante; em segundo, uma abordagem invulgar nas histórias de detetives anti-heróis. O roteiro é de uma genialidade de dar inveja, com idas e vindas que ligam os personagens e tornam os quatro volumes um ciclo onde início e fim se confundem. O primeiro volume é com certeza o melhor de todos, mas confesso que mexeu comigo a visão que Mutarelli tinha de Lisboa nos dois últimos volumes.
A PIOR BANDA DO MUNDO é uma coletânea de histórias curtas (que já vai pelo quinto volume), onde o autor faz uma mistura balanceada de Borges, Kafka e do jeito de ser português. As referências estão por toda parte (quem é que não reconheceu a Casa da Moeda de Lisboa?) e o monocromatismo dá o clima dos personagens e do “povo suave”.
Fico curioso pra ver o que esses dois autores vão fazer a seguir.

11 dezembro 2005

DIA DO ARQUITETO

Neste 11 de dezembro, decidi fazer uma última visita à Bienal de Arquitetura ( acabava hoje), mas a exposição ( que não está grande coisa) acabou sendo substituída pela exibição de dois documentários de arquitetura no porão do edifício projetado pelo Niemeyer.
Um dos filmes era um relato magnífico da vida e obra do Lúcio Costa; o outro, um filminho meia boca produzido pra um programa de Tv sobre o Warchavchik, mas que tem grande importância já que quase não existem documentos (livros, filmes, etc) sobre este que foi o primeiro modernista brasileiro.
Independente dos méritos, ou ausência deles, em cada filme, é importante frisar que essa Bienal de Arquitetura, que piora um pouco a cada edição, tem cumprido bem pelo menos uma meta: a de resgatar a obra de arquitetos brasileiros importantíssimos e que estavam caindo no esquecimento.
As edições anteriores já relembraram Vilanova Artigas, Lina Bo Bardi, Oswaldo Bratke e muitos outros. Este ano, o destaque ficou em Gil Borsói, Carlos Milan, Icaro de Castro Mello, Kneese de Melo, além do ainda atuantes Décio Tozzi e Joan Villa.
Esperemos que nos próximos anos se repita essa iniciativa com MMM Roberto, Franz Heep e muitos mais.Já entre a comitiva portuguesa, ficou-se pelos extremos: do enfoque genial nas residências de Souto Moura, a exposição espaçosa e incompreensível de Gonçalo Byrne e a ousadia de Pedro Bandeira.

07 dezembro 2005

Pra agitar um pouco e acabar com esse marasmo, em breve, teremos novos colaboradores aqui no Blog. Aguardem...


Eventos:






Enquanto isso, neste fim de semana, não percam alguns eventos bem legais que vão acontecer no Centro Cultural São Paulo. Além de uma palestra com o lendário Luiz Gê, está ocorrendo um ciclo de cinema japonês mudo com uma apresentação diária de "Benshi", o método tradicional de narração e acompanhamento musical japonês.Para saber os horários e mais informações, é só clicar nos links..

05 dezembro 2005

MAIS RABISCOS
(ANDO MEIO RETICENTE...)

18 novembro 2005

Eventos:
Esse fim de semana, além de todos os eventos da Virada Cultural, ainda vai haver uma palestra imperdível com o Rodolfo Zalla no Centro Cultural São Paulo.

11 novembro 2005

RABISCOS
Entre um filme e outro da Mostra












Pipoqueiro em frente ao Cinesesc

07 novembro 2005

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP


Clube da Lua - Juan José Campanella - Nota 10
Eu só queria saber qual é o segredo de Campanella pra conseguir manipular tão bem as emoções da audiência. Nunca vi tanta gente chorando de maneira tão sincera como nos dois filmes que já assistii desse diretor argentino. Não é aquelo choro piégas do Titanic, é algo que vem do fundo e domina a todos.
Curiosamente, o último filme que vi na Mostra foi exatamente o melhor.
Ainda vamos ouvir falar muito de Juan José Campanella.

O inferno - Danis Tanovic - Nota 9,5
Esse filme que é a continuação da última trilogia idealizada por Kieslowski, além de ser um ótimo filme, tem dois elementos que precisam ser destacados.
O primeiro é a maneira magistral como o diretor conduz a narrativa num jogo em que as respostas são dadas exatamente nos momentos em que o espectador começa a fazer as perguntas.
O segundo diz respeito às diversas referências e homenagens que o filme carrega e que exigem muita atenção.
Como todas grandes obras de arte, as refências estão sempre presentes sejam explícitas ou veladas, Danis Tanovic faz do uso de referências uma arte.

03 novembro 2005

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

Flores Partidas - Jim Jarmush - Nota 10
Junte o diretor mais cool com o ator mais cool num filme existencial que não se leva a sério e tem um ritmo de comédia. Ótima trilha sonora, ótima atuação de Jeffrey Wright e Jim Jarmush na sua melhor forma.
Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

Crime Delicado - Beto Brant - Nota 9,5
Depois de surpreender a todos com O Invasor, Brant mostra que é capaz de se reinventar e surgir com algo tão novo quanto surpreendente. Esqueça tudo que sabe sobre o diretor quando for ao cinema pra acompanhar essa história que se aproveita de paixão de um crítico de teatro por uma modelo sem perna, para questionar a arte, a retórica e os tabus.

A Terra Vista do Céu - Renaud Delourme - Nota 5,0
Fui ver este filme pensando que se tratava de um "making of" do trabalho do fotógrafo Yann Arthus-Bertrand e tive uma imensa decepção. Além de todas as imagens serem derivadas do livro já publicado e possível de se encontrar em qualquer esquina, o texto é chato e de uma pretensão insuportavel. Ótimo como sonífero.


Seleção Manoel de Oliveira 2 - Nota 9,0
1-Famalicão - Ironiza a pretensa modernidade com narração de Vasco Santana. Obrigatório.
2-O Pintor E A Cidade - Para seu primeiro filme colorido, Oliveira decide acompanhar o aquarelista Antônio Cruz pela cidade do Porto. Obra -prima
3-A Caça- Metáfora sobre a ditadura ou sobre o comodismo lusitano? Tudo fica no ar...
4-As Pinturas Do Meu Irmão Júlio - José Regio conduz a câmera através do atelier de seu irmão Julio. Carlos Paredes se encarrega de criar o clima.

31 outubro 2005

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

O Fatalista - João Botelho - Nota 7,5
O fatalismo é realmente algo arraigado à cultura portuguesa, mas o filme não vale mais que pelos diálogos bem escritos e ótima atuação da talentosa Rita Blanco em uma das sequências. Ainda não surgiu o realizador português que vai assumir o espaço de João César Monteiro e Manoel de Oliveira.


Sra. Henderson Apresenta - Stephen Frears - Nota 8,0
Bom filme,conta a história de uma figura importante da história londrina ligada ao teatro.
Bob Hoskins e Judi Dench impecáveis. E... só, afinal é um filme histórico.

30 outubro 2005

Notícias:
Exposição relembra trajetória de Henfil
Minissérie de Mandrake ( Rubem Fonseca) estréia hoje na Tv.
Arquitetos brasileiros premiados no Holcim Awards.
Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

El Aura - Fabián Bielinsky - Nota 9,0
Ricardo Darin é um taxidermista frustrado com a vida que mata por engano um homem que planeja um grande assalto. Tudo que ele pode fazer daí adiante é tomar o lugar do morto e levar o plano a frente.
Mais um ótimo filme argentino dos mesmos diretor e ator de Nove Rainhas.

25 outubro 2005

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

Por Dentro da Garganta Profunda - Fenton Bailey e Randy Barbato - Nota 9,5
Os fatos por trás do filme mais rentável da história do cinema: Garganta Profunda.
Um ótimo documentário sobre todos os mitos e a hipocrisia que circunda a indústria pornográfica.

Curiosidade: Quando fui comprar o ingresso, pedi um bilhete pra Por trás da Garganta Profunda, e a pessoa da bilheteria me corrigiu: " Por trás não, é por dentro. Seria por trás se o filme fosse sobre sexo anal, como é sobre sexo oral é por dentro".

24 outubro 2005

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

Don't Come Knocking - Wim Wenders - Nota 8,5
Depois de anos agindo como Zumbi, o bom e velho Wim Wenders está de volta, graças a Sam Shepard que, além de assinar o roteiro, interpreta um ator de westerns que decide largar tudo pra acertar as contas com o passado.



Benilde ou a Virgem Mãe - Manoel de Oliveira - Nota 8,0
Esse clássico de 75 de Oliveira traz uma rapariga sonâmbula do Alentejo que engravida inexplicavelmente.
Entre os suspeitos do ato estão uma figura surreal que circunda a casa uivando e o Espírito Santo. Uma amostra de todos os preconceitos, crenças religiosas e questões socias do Portugal de ontem e de hoje.

23 outubro 2005


Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

Espelho Mágico - Manoel de Oliveira - Nota 9,0
Touro-Azul, personagem de "O Princípio da Incerteza", sai da prisão e vai trabalhar para uma senhora rica que tem um desejo ardente de "ver" a Virgem Maria e conversar com ela.
Mais uma obra-prima de Oliveira.


O Vale dos Lamentos - Theo Angelopoulos -Nota 7,5
A poesia monocramática de Angelopoulos está de volta com a chuva, os ciclistas e o mar, mas você vai sentir falta da linha de esperança que atravessava seus filmes anteriores. Nesse caso, a história de um grupo de gregos expatriados é tragédia pura.

22 outubro 2005

Depois de dois anos, está de volta o:

Boletim Edudrix Mostra de Cinema de SP

-O Fim e o Princípio - Eduardo Coutinho - Nota 8,0
Coutinho e sua equipe se mandam pro sertão nordestino em busca de histórias e depoimentos.
Não é o melhor Coutinho, mas ainda está bemmm acima da média

-Cidade Baixa - Sérgio Machado - Nota 8,5
Primeiro longa de ficção do diretor do ótimo documentário "Onde a terra acaba". Esse triângulo amoroso entre dois malandros e uma prostituta não decepciona, mas o destaque fica por conta das atuações de Lázaro Ramos e Alice Braga.

20 outubro 2005

Ilustradores da era de ouro
Outro dia, estudando os artistas da Era de Ouro dos quadrinhos, descobri algo bem interessante: os ilustradores que influenciaram os melhores desenhistas de quadrinhos da primeira metade do século passado, Hal Foster e Alex Raymond.
Fiquem então com eles:

As escolhas de Alex Raymond:
-John La Gatta
-Franklin Booth
-Matt Clarck







As escolhas de Hal Foster:
-Edwin Austin Abbey
-Howard Pyle
-Arthur Rackham
-Maxfield Parrish
-J C Leyendecker
-Montgomery Flagg

19 outubro 2005

Saiu no jornal:
Salão de Paris homenageia Victor Brecheret
O Salão de Outono, em Paris, completa cem anos a partir do dia 20 deste mês. Seguindo até 30 de outubro, presta uma homenagem ao escultor Victor Brecheret (1894-1955), com uma exposição de 15 obras. O autor do "Monumento às Bandeiras", localizado no Ibirapuera (SP), participou do evento entre 1921 e 1935, quando ainda era bolsista e ganhou o primeiro prêmio, disputado com outros 4.000 concorrentes.

14 outubro 2005

Brasil e Portugal
Relações de uma família problemática.

Toda família tem seus conflitos internos. São irmãos que não se falam, pais que não entendem os filhos, separações traumáticas e etc.
Uma vez, aconteceu de reencontrar um primo que eu não via há muitos anos e simplesmente não o reconheci, tamanho o distanciamento que dois lados de uma mesma família haviam tomado.
Com Brasil e Portugal não é diferente. Como a história é escrita pelos vencedores, muita mentira foi contada sobre séculos de exploração que os países europeus impuseram sobre suas colônias e nos últimos séculos, a mágoa acumulada culminou em processos de independência traumáticos e revisões históricas que ainda estão sendo feitas até hoje.
O que aconteceu com a história da América antes de Colombo? Muito provavelmente foi quase que completamente enterrada com as vítimas dos massacres que ocorreram sistematicamente durante pelo menos dois séculos em solo americano.
E como a mágoa separa, países muitos próximos culturalmente passaram a se tratar como estranhos.
Pra comprovar isso, basta perguntar a um brasileiro sobre música portuguesa, primeiro ele vai ensaiar aquele sotaque do norte de Portugal ( porque da mesma forma que todo brasileiro tem sotaque carioca, todo português tem o sotaque do norte de Portugal e vive trocando o “v” pelo “b” e assobiando no fim das frases) e aí vai te cantar “O Vira”. Se você perguntar a e ele o nome de um cantor, provavelmente ele vai citar a Amália Rodrigues apesar de nunca ter ouvido uma só música dela.
E assim vai...
Em Portugal não é diferente, os únicos representantes da atual cultura brasileira que atravessam o Atlântico (bom, pelo menos algo chega lá) são as produções duvidosas da Rede Globo, os clássicos da MPB e o lixo da Música Pop.
Então um “gajo” pensa: Mas e as instituições devotadas à troca e difusão cultural dos dois paises? Elas devem estar fazendo algo.
Uma visita rápida à Casa de Portugal em São Paulo vai mostrar uma programação ridícula totalmente devotada aos poucos imigrantes (que trocavam os Vs pelos Bs) que ainda estão vivos, e o mesmo vai ocorrer com uma Fundação que existe em Lisboa e que deveria devotar-se à troca cultural entre Brasil e Portugal. Além de estar “encalacrada” num beco escuro do Bairro Alto, suas iniciativas são bem duvidosas e entre seu único projeto futuro está a construção de uma sede em Chelas (?!?).
A mídia é a única que ainda tem como pauta o que acontece nesses países. É sempre notícia quando Portugal tem uma onda de incêndios, quando a corrupção na política brasileira envolve grandes grupos portugueses ou quando chega a altura do carnaval brasileiro, afinal a cultura brasileira se baseia no carnaval, ou não?
Tudo isso não é só pra mostrar a revolta de alguém que não se conforma com a ignorância de portugueses e brasileiros quando o assunto é a cultura lusófona, mas também pra elogiar a iniciativa de uma série de três eventos que vem trazer um pouco da cultura portuguesa contemporânea ao Brasil nesses próximos dias.
Para começar, temos uma exposição que apresenta, em São Paulo, os maiores artistas plásticos da atualidade em Portugal; a seguir, a Mostra de Cinema de São Paulo dedica uma Retrospectiva a Manoel de Oliveira; e para terminar, uma semana de eventos, também em São Paulo, traz conferências e exposições com os maiores nomes da Arquitetura Portuguesa das últimas décadas.
Enquanto o governo de Portugal gradativamente abre as pernas pra Europa e vira as costas pra Brasil e o governo brasileiro faz o mesmo com o Mercosul e esquece com quem já dividiu a mesa, pelo menos alguns poucos atentos acreditam que ainda vale a pena ver o que aquele parente que já morou na sua casa está fazendo ultimamente.


Portugal Novo: Artistas de Hoje e Amanhã
Sob curadoria de Alexandre Melo, traz ao Brasil trabalhos de grandes nomes da cena contemporânea portuguesa, como Helena Almeida, Vasco Araújo, Pedro Cabrita Reis, Filipa César, Rui Chafes, José Pedro Croft, João Louro, Jorge Molder, João Onofre, Paula Rego, Julião Sarmento, João Tabarra, Pedro Tudela e João Pedro Vale (de 22/10 a 6/11).
» Largo General Osório, 66, tel. 222-8968. Ter. a dom., 10h/18h. R$ 4,00 e R$ 2,00. Grátis aos sábados.

Mostra de Cinema de São Paulo - Retrospectiva Manoel de Oliveira
O português Manoel de Oliveira, o mais longevo cineasta em ação, vem a São Paulo para receber homenagens da 29ª Mostra BR de Cinema - Mostra Internacional de Cinema. Ele prestigiará a exibição de seu mais recente filme, Espelho Mágico , e acompanhará a retrospectiva exclusiva de sua filmografia completa. A Mostra ainda lança o livro Manoel de Oliveira , sobre o cineasta, com entrevista e análise de suas obras. O título é resultado de parceria da Mostra com a editora Cosac e Naify.
De 21 de outubro a 3 de novembro de 2005.

Arquitetura Portuguesa Comtemporânea
«Des-continuidade» expõe documentos que manifestam a mutação dos processos conceituais da Arquitetura Contemporânea da Região do Norte de Portugal. Registra e manifesta a dualidade constante entre a absorção de influências externas e o processo de consolidação de uma linguagem própria de tradição moderna. Des-continuidade - 7 a 13 de Novembro - Local do Evento: São Paulo - Centro de Convenções FECOMÉRCIORua Dr. Plínio Barreto 285Bela Vista – São Paulo

12 outubro 2005

O Iluminado, comédia romântica???
Vocês já viram o trailer que está circulando por aí que transformou o terror Shining ( O Iluminado) do Kubrick em comédia romântica?

Leia sobre isso aqui.

Veja o filme aqui.
(Clique com o botão direito e "salvar destino como")

11 outubro 2005

100 anos de Tico-Tico

Hoje, a revista de quadrinhos brasileira mais influente de todos os tempos completa cem anos.
Além de um livro que está para ser lançado, a Tv Cultura também presta homenagem.
A TV Cultura leva ao ar o especial HQ, sobre histórias em quadrinhos, em comemoração aos 100 anos do lançamento da revista infantil Tico-Tico. Na época, a publicação era tão popular que tinha entre seus leitores Ruy Barbosa e Carlos Drummond de Andrade. O programa, exibido em 1992 e reeditado pela emissora, conta a trajetória dos quadrinhos no mundo, traçando um paralelo com as HQs brasileiras desde 1905, com as primeiras publicações voltadas para a área, até os dias atuais, com o "boom" dos mangás. Nesta reedição, Antônio Abujamra narra um trecho de uma crônica de Drummond sobre a revista Tico-Tico. TV Cultura, 11/10, 12h30.

Não sabe nada do Tico-Tico? Clique aqui rápido!

10 outubro 2005

Duas animações que eu descobri esta semana e que eu recomendo:

Harvey Birdman Attorney at Law
Uma paródia com todo o Universo Hanna-Barbera.
Em um dos episódios, o advogado Homem-pássaro defende o Dr.Bannon Quest contra Race Canyon, "seu companheiro" que quer a guarda dos garotos Jonny Quest e Hadji.
No outro, o Homem-pássaro representa o Chefe-apache, ex-Superamigos que processa uma Cafeteria por ter perdido sua capacidade de "crescer" depois que derrubar uma xícara de café quente demais no colo.


Mission Hill
O adolescente Kevin French vai morar com seu irmão mais velho, o cartunista Andy, e seus dois amigos alternativos depois que seus pais decidem se mudar para outro estado.
O que vai acontecer daí pra frente é que Andy vai tentar transformar o nerd Kevin em uma pessoa normal com muita bebida e pornografia, é claro. E se no meio do caminho puder sair com a professora gostosa de Kevin, melhor ainda.
Muita atenção no traço que lembra muito dos underground comics dos anos 90 e na paleta de cores que é excepcional.

Ambos estão sendo exibidos no Cartoon Network no bloco adult-swim.

07 outubro 2005

Isso é que é gostar de quadrinho:

Fizeram uma enquete na Bélgica pra descobrir quem a população considera os 100 maiores blegas. Resultado: Na lista da primeira fase, 9 são artistas de Bd!
Les plus Grands Belges: Além de Hergé, que figura entre os 10 primeiros, completam a lista Roba, Edgar-Pierre Jacobs, Kroll, Morris, Vernes, Peyo, Geluck e Franquin.
Só na Bélgica mesmo...

03 outubro 2005

Em fins de junho, quando fazia o check-in do vôo Lisboa- São Paulo, imaginei que quando chegasse Outubro estaria me lamentando por estar tão distante do Festival de BD da Amadora, mas agora que Outubro chegou, estou a ver que nem vai sobrar tempo pra me lamentar, porque nos próximos dois meses, São Paulo reserva três surpresas agradáveis: Mostra de Cinema (com um restrospectiva completa de Manoel de Oliveira e workshops de Christopher Doyle), Bienal de Arquitetura, e Mostra de Arquitetura Portuguesa (com uma semana de debates e palestras).É o melhor de dois mundos. Poder estar em casa, frequentar esses eventos imensos que só acontecem por aqui e ter a sensação que ainda estou em Portugal.
Meus caros, se eu já estava postando pouco, imaginem agora.

22 setembro 2005

A conclusão de Bételgeuse.

LEO está lançando o quinto e último volume da sua série Bételgeuse, continuação da saga de Aldébaran.
No mundo das Bds franco-belgas não se fala de outra coisa. As histórias desse artista brasileiro estão agradando tanto ( público e crítica) que a editora resolveu investir em uma campanha publicitária pesadíssima na mídia envolvendo até mesmo canais de televisão.
Não é à toa, as histórias são fantásticas e os desenhos deslumbrantes.
Mesmo assim, LEO nunca teria atingido esse status de pop-star se não tivesse se mudado pra França e reiniciando toda asua vida na época que o Brasil vivia a ditadura militar.
Fico pensando: Quantos outros artistas magníficos estaram perdidos por aí, em países com pouca tradição em arte seqüencial?
Quantos Flávios Colins ainda vão morrer no esquecimento, com suas viúvas vendendo originais a preço de banana pra pagar o enterro?
Se vc, como eu, não tem acesso aos álbuns em versão francesa ( da série de 10, só 1 saiu em português em Portugal), o negócio é dar uma pesquisada no Emule, você vai se surpreender com o que vai encontrar.